Até agora a comissão focaliza sua atividade nos casos de mortos e desaparecidos políticos. Não está descartada, porém, a possibilidade de tratar de outras violações de direitos humanos cometidas no período do regime militar.
A questão dos possíveis massacres de grupos indígenas no âmbito da chamada justiça de transição vem sendo debatida há quase um ano. No dia 9 de maio, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados realizou, por iniciativa da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), uma audiência pública para tratar do caso dos waimiri-atroari que vivem no Estado do Amazonas. Um dos participantes, Egydio Schwade, ex-indigenista do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), contou que, em 1968, as obras da Rodovia BR 174, entre Manaus e Boas Vista, causaram a invasão do território Kinã, pertencente àquele povo, resultando na morte da maior parte da população.
Segundo levantamento apresentado por Schwade, entre 1972 e 1975 a população teria sido reduzida de 3 mil pessoas para menos de mil. Em 1981 restavam apenas 354 índios. "O massacre dos waimiri-atroari aconteceu por etapas e envolveu diferentes órgãos do regime militar", disse o ex-indigenista, que faz parte do grupo empenhado em incluir a questão nas investigações Comissão da Verdade.
"Os índios waimiri-atroari são desaparecidos políticos, como os demais que desapareceram no rio Araguaia", afirmou Schwade (foto) em recente entrevista ao site do Instituto Humanitas Unisinos.
A Comissão de Direitos Humanos decidiu naquele encontro, em maio, que iria procurar órgãos federais para levantar mais informações. Agora o assunto está sendo levado à Comissão da Verdade.
Nos últimos anos a população dos waimiri atroari voltou a crescer. Em 2003 eles festejaram o nascimento do milésimo índio. Na festa, o então presidente da Funai, antropólogo Mércio Pereira, disse que a volta por cima daquele povo era uma vitória do Brasil. Ele continua tratando do assunto no blog que mantém na Internet.
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