Em Londrina, ditadura militar mobilizou tropa para silenciar ex-presidente do STF

Essa é a história do dia em que Aliomar Baleeiro, ex-presidente do STF, embarcou num Fusca azul, ao lado da esposa e de outras três pessoas, e tentou furar um cerco militar e policial em Londrina, no Paraná, em plena ditadura. Lembrei da história por causa das comemorações, neste mês de outubro, dos 25 anos da Constituição Cidadã. Li vários relatos sobre os constituintes, os debates em Brasília, as negociações, os heróis. Pouco se disse, porém, sobre o longo e difícil processo político que levou à convocação da Assembleia Nacional Constituinte. Foram mais de dez anos. Raros e corajosos políticos aderiram à ideia no início (eram os chamados autênticos do MDB). Mais raros ainda foram os juristas que defenderam a constituinte como saída para o impasse político em que o Brasil estava atolado desde 1964. Não era fácil. A ditadura sabia que a proposta, por mais que parecesse cândida e vinculada ao ideário liberal burguês, era perigosa: tinha o poder de aglutinar forças de diferentes matizes ideológicos e ameaçá-la. Aliomar Baleeiro, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), foi um desses juristas pioneiros na defesa da Constituinte. Os militares não gostavam do que ele dizia, mas não se atreviam a silenciá-lo. Sua estatura política não permitia.

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Atualização:
 Foto: Estadão

Baleeiro havia militado na antiga e conservadora UDN. Foi deputado da Assembleia Constituinte de 1946 e apoiou o golpe militar que derrubou João Goulart. No ano seguinte o presidente Castelo Branco indicou seu nome para o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele presidiu a Corte entre 1971 e 1973 e aposentou-se em 1975.

 

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