Sorrisos, sorrisinhos, um burburinho. Fernando Haddad chega à FAAP como líder da corrida eleitoral para o Palácio dos Bandeirantes. Não lidera no começo do ano eleitoral, durante a pré-campanha. Lidera no dia 19 de agosto, quando faltam pouco mais de quarenta dias para o primeiro turno. Vislumbra vencer, não mais como um objetivo distante, mas como algo possível pela primeira vez ao partido que representa, o PT. Na sabatina, Haddad se comporta dessa maneira, como o candidato - segundo o mais recente Datafolha - com 38% dos votos, ante 16% do representante de Bolsonaro no Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e 11% do tucano Rodrigo Garcia, que é o atual governador.
E esse é o principal problema de Fernando Haddad.
A campanha promete se intensificar e ele deve se tornar o alvo dos principais concorrentes. Sem trégua. Para sair exitoso no dia 2 de outubro, Haddad vai precisar se livrar da síndrome George Foreman. Era ele o favorito para vencer a histórica luta de pesos pesados contra Muhammad Ali, em 1974, no Zaire. Durante todo o exaustivo período de treinamentos - nos Estados Unidos e na África -, Ali parecia lento, disperso… Ele venceria a luta e aumentaria o mito em torno do seu nome.
Certamente Haddad tem um desafio enorme pela frente.
A irritação demonstrada contra Tarcísio no primeiro debate de candidatos na televisão, a contestação aos jornalistas no segundo bloco da sabatina, mostram que ele sabe, que ele entende o momento da campanha. E o que vem pela frente. “Eu sou daqueles que cai e levanta”. Ele falava sobre campanhas em que se vencem e em que se perdem, e quando são perdidas, avalia Haddad, há sempre a possibilidade de vencer porque se defende uma ideia.
A estratégia para seguir adiante - ficou claro na sabatina - está traçada. Para Haddad, o paulista está cansado do PSDB. E, na visão do candidato do PT, Tarcísio representa o bolsonarismo, um risco para a democracia. Mas surpresas podem sempre acontecer. Quem diria, por exemplo, que no intervalo do segundo para o terceiro bloco Eduardo Suplicy… não, ele não cantou Bob Dylan ou Racionais, mas aos gritos, defendeu o voto em Marina Silva (Rede), ex-ministra e candidata a deputada federal presente na primeira fila.
A plateia no auditório delirou. A campanha começou e está longe de acabar.