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Saída de Datena sela destino de França, abre disputa no bolsonarismo e embaralha corrida ao Senado

Ex-governador aparece como um dos dos principais favoritos; no campo bolsonarista, Zambelli, Skaf e Janaína entram no páreo

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Foto do author Pedro  Venceslau
Foto do author Beatriz Bulla
Por Pedro Venceslau e Beatriz Bulla
Atualização:

Ao anunciar nesta quinta-feira, 30, que desistiu de disputar o Senado em São Paulo, o apresentador José Luiz Datena (PSC) selou o destino do ex-governador Márcio França (PSB) no palanque de Fernando Haddad (PT), abriu um vácuo no campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e embaralhou a disputa pela vaga de senador no Estado.

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A eventual candidatura de Datena era considerada um dos últimos empecilhos para Márcio França resistir à decisão de abrir mão da corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Com o apresentador como eventual adversário ao Senado, o ex-governador temia o fracasso nas urnas caso aceitasse a sugestão do PT de disputar ao Senado. Agora, a avaliação de petistas é de que não há mais barreiras para a composição de França com o PT no âmbito estadual em favor de Haddad.

Ao ser questionado sobre a saída de Datena, Haddad (PT) disse aos jornalistas nesta quinta-feira, 30, que não ficou surpreso. “Acabei de saber. Eu não esperava que ele (Datena) fosse ser candidato. Não posso dizer que tinha convicção de que ele não seria, mas à luz do histórico...A política é uma vida dura. Não é uma vida simples. É uma decisão difícil entrar na vida pública, sobretudo na condição de vida do Datena. Eu não contava com a candidatura”, afirmou o petista, que foi informado por seus assessores da notícia através de um bilhete, enquanto realizava uma entrevista a jornalistas em Guarulhos.

Ex-governador de São Paulo, Márcio França deve ser candidato ao Senado Foto: Marcelo Chello/Estadão

O petista também afirmou que acredita que um desenlace da questão estadual entre PT e PSB em São Paulo está “muito próximo”. “As informações que eu tenho são de que as conversas (entre PT e PSB) foram muito boas e acredito que estamos próximos de um desenlace. Estou otimista, mas sei que ainda não está batido o martelo, mas quero crer que estamos num bom caminho”, disse Haddad. “Se nos derem a honra da parceria, vai ficar mais tranquilo para a gente fechar a chapa nos próximos dias”, disse Haddad.

Porém, com a divulgação da pesquisa Datafolha, no início da noite desta quinta-feira, 30, França sugeriu que segue na disputa. “Saiu Datafolha. Faz um mês que todo dia falam que eu não sou mais candidato. E saiu Datafolha de novo, e nós estamos no segundo turno de novo. É difícil esse Márcio França, hein?”, disse, em vídeo.

Datena era o nome para a disputa no Senado por São Paulo na coligação de Tarsício de Freitas. Em nota, o ex-ministro de Bolsonaro lamentou, mas que respeita “o caminho escolhido” pelo apresentador. “Agora, abrimos conversa com bons nomes para compor uma chapa que fortaleça o nosso projeto para São Paulo”, disse o pré-candidato do Republicanos.

Na mais recente pesquisa Exame/Ideia, Datena estava na liderança com 19% das intenções de voto, contra 14% de França, 9% de Carla Zambelli (PL), 8% de Paulo Skaff (Republicanos) e 6% de Janaína Paschoal (PRTB). Os demais nomes oscilaram na margem de erro entre 1% e 2%. Sem o apresentador, portanto, França torna-se o favorito, por ora, mas resta saber para onde vão os eleitores de Datena.

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No campo bolsonarista, Zambelli, Skaf e Janaína entram no páreo para ser o nome “oficial” de Bolsonaro, que apostava suas fichas em Datena. Vale lembrar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que partidos de uma mesma coligação podem lançar mais de um candidato ao Senado. A opção de pulverizar o campo governista, porém, pode favorecer França, que terá a esquerda reunida em seu palanque.

Nas três últimas eleições, Datena se apresentou para concorrer aos cargos de senador, prefeito e vice-prefeito, mas desistiu no limite do prazo para deixar a TV. A desistência também favorece a coligação do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que chegou a ter Datena como aliado antes do apresentador se aliar a Bolsonaro.

“O Datena seria um grande representante de São Paulo”, minimizou Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de São Paulo e pré - candidato ao Senado na coligação do tucano.

Questionado sobre a disputa interna na chapa de Rodrigo Garcia pela vaga, Leite afirmou que a situação está “pacificada”, mas ponderou. “Teremos que pacificar para que haja um único candidato no campo do Rodrigo Garcia”.

No PSDB, o ex -senador José Aníbal e o presidente do PSDB da capital, Fernando Alfredo, também se apresentam para disputar o Senado, já que o atual ocupante da vaga, José Serra, vai disputar uma vaga na Câmara. “Essa atuação do Datena na TV é muito forte e associada a ele. Isso pesou de forma decisiva”, disse Aníbal.

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