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Santos Cruz sobre infarto: ‘Não morri porque estava no hospital’

General se recupera em casa e vai se encontrar com direção do Podemos para definir candidatura; ele ataca Lula e Bolsonaro e defende fim da reeleição e do teto duplo de salários no funcionalismo

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy
Atualização:

“Eu não morri porque estava no hospital. Senti um mal-estar naquela manhã e resolvi ver o que era”, contou o general Carlos Albertos dos Santos Cruz, agora já em casa após o infarto. Ele deve se reunir com a deputado federal Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, e com o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) para decidir os próximos passos. Seu nome continua à disposição do partido para a disputa da Presidência. “A política está um caos. É preciso dar uma nova chance ao País. E, quem o povo escolher, assume”, afirmou.

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Era 17 de maio quando o general sentiu um mal-estar após trabalhar em seu sítio em Brasília. Resolveu ir ao hospital. Fazia quatro anos que não fazia um check-up. Começou a fazer os exames e tudo parecia bem. Foi até a lanchonete e pediu um café quando encontrou um médico amigo, que resolveu olhar os resultados. E, de imediato, o general teve de deixar a xícara de café e ir para a UTI.

“Eu estava com três entupimentos. Dois do lado esquerdo e um do lado direito. Cem por cento. Por sorte, minha condição de atleta ajudou a dilatar outras vias e o infarto não foi fatal. Fiz ainda outra operação na sexta-feira (dia 20 de maio) e agora estou bem” Santos Cruz completará 70 anos nos próximos dias. Logo que deixou o hospital, permaneceu em repouso em casa. Tomará remédio a partir de agora para prevenir o acúmulo de gordura no coração.

Aos poucos, o general retornou à política. E preparou novo manifesto em defesa da terceira via e das propostas do que seria a sua candidatura. Na primeira pesquisa em que seu nome foi mostrado aos eleitores, a última Datafolha, Santos Cruz não atingiu 1% das intenções de voto. Entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro, 7% disseram que pretendiam votar no general caso Bolsonaro não fosse candidato. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera as intenções de voto com 48%, seguido por Bolsonaro, com 27%.

Santos Cruz na cerimônia de sua filiação ao Podemos, no Hotel Plaza Windsor, em Brasília.  Foto: Dida Sampaio/Estadão

O manifesto de Santos CruzDê uma Chance ao Brasil! Ele precisa de Todos Nós! – é mais uma tentativa de tentar dar um alento à sua candidatura. Nele, a crítica a Bolsonaro e a Lula tem um papel central. O general prega que o Brasil não precisa de “corruptos falando em combater corrupção; que mensalão é diferentes de ‘orçamento secreto’; que roubo ‘de direita’ é diferente do roubo ‘de esquerda’; petrolões, tratoraços, roubos de fundos de pensão; manipulação da opinião pública repetindo a ladainha de que a corrupção acabou no governo; que crimes não existiram por que a Justiça anulou, arquivou ou prescreveu”.

Ele voltou a defender o fim da reeleição para cargos Executivos e do foro privilegiado. Desta vez, atacou ainda a duplicidade de teto salarial, que muitos dos ministros generais de Bolsonaro passaram a usufruir, acumulando vencimentos civis e militares. E concluiu: “Empatia e solidariedade na doença, na fome, na pobreza, na desigualdade social, na vulnerabilidade; Então... Não jogue fora a oportunidade do Brasil na próxima eleição. Lembre que os problemas são fundamentalmente de vagabundagem e não de ‘esquerda’ x ‘direita’. Não coloque embusteiros, covardes e fanfarrões na presidência da república e em outros postos. O país está cansado e não merece isso”.

Veja abaixo íntegra do manifesto do general

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DÊ UMA CHANCE AO BRASIL! ELE PRECISA DE TODOS NÓS!

A sociedade está com os nervos à flor da pele, violenta e desunida, pressionada por problemas básicos de sobrevivência, preocupada com a economia, a saúde e as instituições. O cidadão comum desconfia dos políticos, alguns dos quais há décadas tratam os cidadãos como idiotas, roubam e desperdiçam recursos públicos.

O Brasil precisa ser mais justo, menos desigual, sem privilégios e orientado por princípios democráticos; com valorização das instituições e das pessoas.

O País precisa de novos rumos e novos comportamentos na política e na administração pública. Só os cidadãos podem afastar os embusteiros, os ladrões e os covardes. Isso é feito pelo voto. A eleição que se aproxima precisa representar esperança, expectativa de mudança, oportunidade para o país.

Não se pode aceitar que “foi sempre assim”. Temos que acreditar que mudanças são possíveis!

Se você não aceita ...

Que o Brasil seja desunido e manipulado por demagogos e fanfarrões que estimulam o fanatismo e a desunião, a divisão social, a violência e a manipulação da opinião pública;

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Corruptos falando em combater corrupção; que mensalão é diferentes de “orçamento secreto”; que roubo “de direita” é diferente do roubo “de esquerda”; petrolões, tratoraços, roubos de fundos de pensão; manipulação da opinião pública repetindo a ladainha de que a corrupção acabou no governo; que crimes não existiram por que a Justiça anulou, arquivou ou prescreveu;

Irresponsáveis do tipo - não fui eu; eu não sabia; a culpa não é minha: foi do governador, da Justiça, do outro partido, do outro governo, da pandemia, da guerra etc; mentirosos, traíras que dizem em campanha o que o povo quer ouvir e não têm nenhum compromisso com o prometido.

Que um país com com 216 milhões de habitantes, 6 bilhões de fundos político e eleitoral e 32 partidos tenha apenas duas opções, dois supostos “salvadores da pátria”;

Ser tratado como idiota com a simulação de briguinhas com imprensa e com outras instituições para desviar a atenção dos problemas reais da fome, da pobreza, da desigualdade, do desemprego etc; perder tempo com fake news; conversa fiada para alimentar fanáticos; show de passeios de feriadões, gastando milhões de dinheiro público, num país com pobreza e fome, brincando de moto, porcalhada com farofa e jet sky, enquanto os cidadãos estão trabalhando;

Resolver os problemas mundiais tomando cervejinha e soluções como “choque de gás” a 36,00 reais etc;

O instituto do desrespeito, a desmoralização e o aparelhamento das instituições, e o caradurismo do duplo teto, o enriquecimento com dinheiro público, o sigilo das contas contas públicas, dos cartões corporativos e até os sigilos imbecis “por 100 anos”;

O populismo fiscal jogando a conta para o CPF Brasil, para que paguemos a conta por anos à frente; hipócritas que adiantam a totalidade do décimo terceiro salário para antes das eleições para as pessoas ficarem sem nada no final do ano; a distribuição de bilhões para destruir a democracia com a compra de apoio político, sem transparência e sem qualquer impacto em políticas públicas.

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Embuste religioso, militar e de conservadorismo por pessoas que não tem nenhuma característica militar e religiosa.

Manipulação intencional do que é liberdade de expressão, intoxicando a população com desinformação, indústria de fake news e crimes na internet para justificar a injúria, a calúnia e a difamação, como se não houvesse Código Penal.

Mas se você quer ...

Um país unido, transparente, que caminhe na trilha democrática, com aperfeiçoamento das instituições e com respeito, com redução das desigualdades, com liderança em assuntos mundiais, como sustentabilidade e meio-ambiente;

Que os políticos respeitem seus eleitores, promovam a união nacional, atuem com transparência, tenham empatia e sejam solidários na doença, nas dificuldades e nas vulnerabilidades da população;

Que as pessoas mais pobres e mais humildes e seus filhos, os órfãos de pai e mãe tenham vida digna, formação e possam disputar até os postos mais altos nas empresas privadas, na administração pública, nas Forças Armadas e em organizações sociais;

Acabar com reeleição para cargos Executivos, foro privilegiado, duplicidade de teto de teto salarial etc;

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Empatia e solidariedade na doença, na fome, na pobreza, na desigualdade social, na vulnerabilidade;

Então ...

Não jogue fora a oportunidade do Brasil na próxima eleição. Lembre que os problemas são fundamentalmente de vagabundagem e não de “esquerda” x “direita”.

Não aceite a esquizofrenia política e a intoxicação social do fanatismo. Não seja “bucha de canhão” para os canalhas e traidores que estimulam a violência e os distúrbios sociais, mas ficarão escondidos na sua covardia, nos seus gabinetes e nas suas imunidades.

Os partidos que acordem do encanto pelos fundos partidário e eleitoral, apresentem e viabilizem opções para a sociedade.

Não coloque embusteiros, covardes e fanfarrões na presidência da república e em outros postos. O país está cansado e não merece isso.

DÊ UMA CHANCE AO BRASIL!

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Carlos Alberto dos Santos Cruz

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