Secretária da Anvisa confirma que é dela conta em agenda

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A secretária da presidência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Débora Alves, confirmou, nesta segunda-feira, em depoimento à Polícia Federal (PF), que é dela a conta bancária cujo número consta da agenda do lobista Alexandre Paes dos Santos. A agenda foi apreendida pela PF este mês, junto com fitas, gravadores e anotações de Santos, em investigação sobre suposta cobrança de propina por assessores do ministro da Saúde, José Serra. A abertura do inquérito foi pedida em setembro pelo ministro, após ser informado da denúncia. O caso é investigado também pelo Ministério Público Federal (MPF) e, desde esta segunda-feira, pela Corregedoria-Geral da União. A secretária está afastada do cargo na Anvisa, onde foi instaurada uma sindicância. Evasiva, Débora evitou afirmar se conhece Santos ou não, enfatizando que muitas pessoas circulam pela agência e que há, portanto, a possibilidade de ter entrado em contato com ele. Secretária do presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto, ela mostrou-se surpresa com o fato de o número da conta dela aparecer na agenda do lobista. Débora é a quarta pessoa ouvida pela PF no inquérito sobre a denúncia de suposta cobrança de propina para financiar a campanha presidencial de Serra em 2002. Tudo começou quando a jornalista Alba Chacon, que realiza serviços para o Ministério da Saúde, procurou um assessor de imprensa de Serra para contar a denúncia que teria ouvido de Santos. De acordo com a jornalista, Santos teria falado sobre uma suposta gravação em que o secretário nacional de Assistência à Saúde, Renilson Rehem, e outro servidor do ministério cobrariam ajuda financeira do laboratório Novartis, fabricante do Glivec - remédio contra câncer cujo contrato de compra pelo governo foi assinado recentemente. Ouvido pela PF, Rehem negou qualquer irregularidade ou envolvimento no caso. O Ministério da Saúde divulgou uma nota, atacando Santos, mais conhecido pelas iniciais do nome, APS, e cobrando provas sobre a suposta gravação. Até o início do mês, o lobista prestava serviços para o Novartis. "Talvez fosse melhor para o sr. Alexandre Santos explicar à Polícia Federal e ao Ministério Público (MP) sobre suas atividades, que parecem não ser tão lícitas assim, antes de fazer - mais uma vez - acusações indevidas e sem provas", diz o texto do ministério. A Anvisa é o órgão do governo encarregado de regulamentar a venda de medicamentos, cosméticos e derivados de tabaco. A assessoria de imprensa da agência informou que a sindicância sobre Débora deverá ser concluída em dez dias. A reportagem procurou Santos, nesta segunda-feira à tarde, no escritório dele, em Brasília, mas não obteve retorno até as 21h30. A PF faz a perícia no material apreendido no escritório, incluindo equipamento para gravação de conversas telefônicas, microfitas e fitas de vídeo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.