O museu que José Sarney montou no histórico Convento das Mercês, construído em 1654, é um monumento à auto-exaltação. Quem passeia pelos corredores largos do prédio centenário, com piso de madeira cuidadosamente lustrada, depara-se com fotografias de família, presentes que Sarney ganhou quando era presidente e quadros que emolduram as capas dos livros escritos por ele, dentre os quais O dono do mar - na versão dos adversários políticos, "O dono do Maranhão". A sede da entidade é foco de disputa judicial. Em 15 de junho, a Justiça invalidou a decisão que repassou o convento para a Fundação José Sarney, determinando a devolução ao patrimônio do governo estadual. O Ministério Público Federal alega que a entidade tem fins particulares, por abrigar o acervo do parlamentar. Considera, por isso, que foi ilegal a doação do imóvel, em 1990. Na época, o governo do Maranhão editou uma lei que autorizava a incorporação do convento aos bens da fundação, então denominada Fundação da Memória Republicana. A Assembleia Legislativa do Maranhão aprovou três anos depois uma lei confirmando a doação. Membro da Academia Brasileira de Letras e autor de 13 obras, Sarney tem apreço pelo mundo literário e cultural. Ele preside o Conselho Editorial do Senado. O vice-presidente é Joaquim Campelo, membro do comando diretivo da Fundação José Sarney.