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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Sem se mover, resta a Bolsonaro que ‘segundo turno é outra eleição’. Será?

Com mudanças de estratégia e movimentos erráticos, a campanha do presidente dá sinais de que não sabe mais o que fazer

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Mais uma pesquisa atestando a estabilidade favorável ao ex-presidente Lula e capaz de desestabilizar a campanha do presidente Jair Bolsonaro: o Datafolha confirmou nesta quinta-feira, 15, que o petista se mantém firme e forte na faixa dos 45% e o presidente não sai do lugar, oscilando não mais para cima, mas para baixo.

A situação continua rigorosamente igual, mostrando, semana a semana, que Bolsonaro não atingiu o alvo de ultrapassar Lula nem reduziu a diferença. A nova pesquisa só não é um total desastre para ele porque a hipótese de segundo turno permanece real. Com a frustração de disparar em junho, julho, agosto, setembro... resta o consolo de que “o segundo turno é uma nova eleição”. Será?

Com Bolsonaro engessado, Lula investe em duas frentes: o voto útil dos eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet e uma supercampanha para os eleitores 'não pegarem seus carrinhos e irem para a praia no dia da eleição'. Foto: Sebastião Moreira/EFE

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Com mudanças de estratégia e movimentos erráticos, a campanha de Bolsonaro dá sinais de que não sabe mais o que fazer. E é exatamente no meio disso que Bolsonaro vai torrar seis decisivos dias, indo a Londres e a Nova York. E continuam os erros.

Ele e aliados atacam jornalistas mulheres e falam sobre “princesas” e que mulheres “não são insubmissas e livres”, num país em que a maioria da população (logo, das mulheres) é pobre, luta bravamente pela sobrevivência, não quer “beijinhos e rosas”, como diz o presidente, mas, sim, emprego, renda, respeito, dignidade, saúde e educação para os filhos e, claro, comida na mesa.

Bolsonaro fala humildemente num dia que tem 67 anos e, se perder, passa a faixa, desiste da política e “não tem mais nada a fazer nessa Terra”. No dia seguinte, volta a atacar tudo e todos. E ele decidiu investir tudo em São Paulo, no interior, com seus 18,2 milhões de eleitores, mas sua situação lá também não parece confortável.

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Pelo Datafolha, o petista Fernando Haddad tem 36% e o bolsonarista Tarcísio de Freitas, 22%, mas o governador Rodrigo Garcia, neotucano, cresceu quatro pontos, está com 19% e ameaça ultrapassar Tarcísio.

Isso reflete as dificuldades do próprio Bolsonaro no principal Estado e as coisas não vão bem também em Minas, segundo colégio eleitoral, onde o presidente não conseguiu apoio formal do governador Romeu Zema, que pode vencer em primeiro turno, e tem um candidato, Carlos Viana, com míseros 5%.

Com Bolsonaro engessado, Lula investe em duas frentes: o voto útil dos eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet e uma supercampanha para os eleitores “não pegarem seus carrinhos e irem para a praia no dia da eleição”. Além de mais agressivo, o eleitor de Bolsonaro é mais obstinado e vai votar. Se a abstenção bater novo recorde, tende a ser à custa dos votos de Lula e matar de vez a vitória no primeiro turno.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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