Duramente criticada pela administração do governador José Serra (PSDB), a proposta da reforma tributária ainda gera reações divergentes na indústria. Nos últimos dias, várias entidades de representação do setor se manifestaram sobre o projeto. Mas cada uma avaliou as mudanças de forma diferente. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota em defesa da reforma. No texto, o presidente da entidade, Armando Monteiro Neto, admitiu a necessidade de alguns pontos serem aperfeiçoados, mas posicionou-se contra qualquer adiamento da votação. "Não podemos adiá-la, caso contrário o processo será suspenso por no mínimo três anos." A posição contrasta com a do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Anteontem, ele disse que seria melhor que o Congresso adiasse a votação por "pelo menos alguns dias", para que fossem retirados do projeto pontos que, em sua avaliação, aumentam a carga tributária. Ele criticou, por exemplo, a elevação de uma contribuição que incidiria sobre o setor de mineração, de 2% sobre o faturamento líquido para 3% do faturamento bruto. "É quase dobrar o imposto. Vai onerar a cadeia produtiva e aumentar a carga tributária, o que é inaceitável." Já o diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, disse que a reforma tem aspectos positivos, como a desoneração de investimentos e redução de encargos. Mas o prazo para a aplicação das mudanças, disse ele, é longo demais. "Não podemos esperar oito ou dez anos."