Em meio às negociações entre PT e PSD para a formação de uma aliança nas eleições municipais de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff e o prefeito Gilberto Kassab trocaram elogios na comemoração dos 458 anos da cidade. Dilma recebeu de Kassab a Medalha 25 de Janeiro e elogiou a capacidade do prefeito de "agregar" e se aproximar das "pessoas mais diferenciadas".
"Queria dirigir um cumprimento especial e um agradecimento a essa figura capaz de agregar e criar vínculos fraternos e republicanos com pessoas das mais diferenciadas, que é o prefeito Gilberto Kassab, a quem sou muito grata por essa honraria", afirmou.
O prefeito, que mantém as portas abertas para um acordo com o PSDB na capital paulista, fez um aceno generoso à gestão federal do PT. Apesar se declarar independente, seu partido, o PSD, se aproxima da base governista nas votações do Congresso.
"A senhora sabe o quanto todos nós brasileiros que vivemos em São Paulo torcemos e trabalhamos pelo seu sucesso. O sucesso do nosso governo é o sucesso do Brasil", disse Kassab. "Eu expresso o sentimento desses 11 milhões de brasileiros que moram na cidade."
Homenagens. Além de Dilma, também receberam uma homenagem da Prefeitura o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Também esteve presente ao evento o ex-governador paulista José Serra - que esta semana sofreu um golpe político após à declaração de FHC de que Aécio Neves seria o "candidato óbvio" do PSDB à Presidência em 2014.
Em seu discurso, Dilma disse a FHC que espera que o reconhecimento aos ex-presidentes da República se torne hábito no País. "Espero que esse reconhecimento, que eu acho importante que nós tenhamos o hábito de fazer para os ex-presidentes da República, seja uma prática do Brasil democrático", afirmou. Dilma lembrou ainda a cerimônia de 2011, quando o ex-vice-presidente José Alencar recebeu a homenagem da Prefeitura de São Paulo. "Tive a honra de participar há um ano de uma cerimônia como esta, que homenageou um grande brasileiro, uma pessoa que deu grandes serviços ao nosso País, o nosso querido e inesquecível José Alencar", afirmou.
Na cerimônia, Dilma fez uma série de declarações de amor a São Paulo, com direito a citar o trecho mais famoso da música "Sampa", de Caetano Veloso: "Alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João". No coração da mineira Dilma, é a esperança que desperta quando ela passa por esse cruzamento. "Eu acho que tem outro sentimento, outra sensação, que passa no coração dos brasileiros quando cruzam a Ipiranga com a Avenida São João, e eu acho que sempre foi uma sensação de esperança", afirmou. "Esperança de todos aqueles que, muitas vezes, saíram do Norte e Nordeste do País em busca de ganhar a vida, mas também uma imensa esperança de que nosso País pode ser do tamanho de São Paulo. Eu acho que, sobretudo, essa esperança é que está sempre no coração e na cabeça da gente".
Para a presidente, São Paulo representa um farol para o País. "São Paulo, sem sombra de dúvida, com a sua capacidade de gerar riqueza, conhecimento e cultura, é e sempre será um farol para o nosso País", disse. "E eu tenho certeza de que nós somos hoje um dos maiores e mais predestinados países do mundo. Temos já no presente muitas realizações. Sobretudo, estamos construindo, e tenho a certeza de que cada vez mais, com a contribuição de cada homem, mulher, prefeito e governador, um Brasil maior".
Dilma ressaltou ainda a generosidade da cidade, que recebe pessoas de todo o País. "Eu já honrava a cidade de São Paulo com amor por suas ruas e sua gente, mas, sobretudo, com a certeza de que aqui nasceu a idade moderna. Aqui nasceu muito do que foram as grandes realizações do País", afirmou. "Aqui também nasceu a capacidade de nosso País ter uma relação generosa com outras regiões, de gerar também desenvolvimento para todas as regiões do País. Por isso São Paulo tem essa característica de esperança".
(Com informações de Bruno Boghossian, do estadão.com.br)