O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, João Pedro Stédile, defendeu hoje (25) a extinção da Organização Mundial do Comércio (OMC) porque a entidade seria apenas um instrumento da defesa de interesses das grandes empresas multinacionais. Ele disse que espera contar com o apoio do Fórum Social Mundial na defesa dessa proposta. Stédile acrescentou que, para defender a extinção da OMC o MST determinará que seus militantes engrossem os protestos programados para a reunião, em abril, que discutirá a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), em Quebec (Canadá). "Sem luta de massa, não muda nada", disse Stédile, indo contra uma corrente do Fórum que defende apenas propostas propositivas na mobilização contra o neoliberalismo e a globalização. Outras organizações de camponeses da América Latina e do México, que participam do fórum, também mandarão representantes para Quebec. Segundo Stédile, manifestações como as feitas em Seatle, Washington e Praga contra os organismos internacionais (FMI, Banco Mundial ou OMC), e esta prevista para o Canadá, cumprem o papel que antes era dos movimentos estudantis. "A juventude tem essa ousadia de estar à frente da sociedade", disse o líder dos sem-terra. Se dependesse do MST, a "Marcha contra o Neoliberalismo e Pela Vida", marcada para o final desta tarde pelas ruas de Porto Alegre, teria protestos na frente dos chamados símbolos da globalização. Segundo Stédile, a coordenação do Fórum, no entanto, foi contrária à proposta e o MST recuou. A idéia era de parar em frente aos prédios dos Bancos Santander, BankBoston e de uma loja McDonald´s, fazendo um protesto veemente contra cada um deles. O Santander, porque comprou o Banco Meridional, e o BankBoston, por ser um dos credores da dívida externa brasileira. No caso da cadeia de fast-food, o protesto seria em solidariedade a Jose Bové, líder agrícola francês que está sendo processado pelo McDonald´s por ter destruído uma loja da rede. No entanto, o Santander já acabou sendo alvo de protestos, promovidos no início da tarde pelos bancários. "São manifestações democráticas e necessárias. Não vamos mudar o neoliberalismo sem indicar os culpados. Geléia geral não faz angu", disse Stédile, defendendo a idéia de um protesto durante a Marcha.
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