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Tebet volta a destacar ‘divergências econômicas’ com Lula e Haddad, mas nega ‘antagonismo’

Ministra afirmou que será ‘austera’ na condução da pasta para garantir a responsabilidade fiscal e que é seu papel dizer se o governo tem recursos ou não

Foto do author Davi Medeiros
Atualização:

LISBOA - A ministra Simone Tebet, do Planejamento, voltou a exaltar “divergências econômicas” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que será “austera” na condução da pasta e admitiu que pode receber “cartão amarelo” de membros do governo por tentar garantir responsabilidade fiscal. Discursando virtualmente no evento Lide Brazil Conference, organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais, a ex-senadora destacou em dois momentos as suas “diferenças” com o presidente e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas disse que considera positivo o fato de ter sido convidada pelo petista para chefiar a pasta.

“Temos divergências, mas não temos antagonismo, e isso faz toda a diferença”, disse a ministra sobre Lula. Em outro momento, afirmou: “Tenho encontrado em Haddad um grande parceiro, apesar de termos algumas diferenças na visão econômica”.

Tebet se comprometeu com austeridade no âmbito fiscal; 'é meu papel, como ministra do Planejamento e Orçamento, dizer se temos recursos ou não', afirmou. Foto: Reprodução/Lide

Tebet se comprometeu com austeridade no âmbito fiscal e afirmou que o desenvolvimento esperado para o País passa pela rigidez nesse quesito. “Eu serei austera em relação a isso. Devo receber por isso alguns cartões amarelos, mas quando eu perceber que o cartão vai ser vermelho, eu vou chegar para o presidente Lula com ‘jeitinho’ e tentar fazer os esclarecimentos previstos. É meu papel, como ministra do Planejamento e Orçamento, dizer se temos recursos ou não, se teremos ou não espaço fiscal.”

“Tenho encontrado em Haddad um grande parceiro, apesar de termos algumas diferenças na visão econômica”

Simone Tebet, ministra do Planejamento

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Esta não é a primeira vez que Tebet destaca divergências econômicas com Lula. A ministra já afirmou ter “sinergia na área social” com o governo, não na Economia, e que por isso ficou surpresa ao ser escolhida para chefiar o Planejamento. Segundo ela, isso denota a postura democrática do petista, por ter aberto espaço à discordância no primeiro escalão.

“Eu esperava um convite para algo ligado à área social, na qual temos muita sinergia. Quando abri o envelope (informando que chefiaria o Planejamento), eu disse: ‘Presidente, mas o senhor tem certeza?’ O senhor sabe que nós temos divergências, e ele simplesmente me ignorou, como quem diz: ‘Eu sei o que estou fazendo’. Eu acho que o presidente quer é isso. Ele sabe que o foco de todos nós, sejamos de esquerda, de centro, de centro-direita, é garantir igualdade de oportunidades para os nossos filhos”, disse a ministra.

Democracia

Em seu discurso, a ministra afirmou que a democracia saiu “fortalecida” após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e fez elogios ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na condução do inquérito que apura o caso. “Quero render as minhas homenagens ao STF, na figura de Alexandre de Moraes, que tem sido rigoroso na tramitação do processo e na punição de golpistas”, afirmou.

A ex-senadora também elogiou a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência do Senado, e de Arthur Lira (Progressistas-AL) na Câmara, e classificou a dupla como “democratas”. Pacheco disputava contra Rogério Marinho, do PL de Jair Bolsonaro.

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*O repórter viajou a Lisboa a convite do Lide.