O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), divulgou nota oficial garantindo que a transição de governo não será afetada pela prisão do atual governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB). No comunicado, Witzel diz ainda confiar na justiça e na condução dos trabalhos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pela Polícia Federal. "A transição não será afetada. A equipe do governador eleito seguirá trabalhando para mudar e reconstruir o Rio de Janeiro", destacou.
Já o presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), disse, em nota, que os trabalhos no Legislativo estadual devem transcorrer normalmente. Ceciliano ressaltou a situação ruim das contas públicas do governo estadual, que passa por um processo de recuperação financeira, e diz que a Casa deve se concentrar no tema nas próximas semanas.
"Lamentável toda essa situação, num momento em que somamos esforços na Assembleia Legislativa do Rio para ajudar o Estado a sair da crise financeira", escreveu o deputado. "Vamos continuar trabalhando, especialmente neste momento em que votamos questões importantes, como a prorrogação do Estado de Calamidade nas finanças, do Fundo de Combate à Pobreza, os vetos a projetos de lei e o orçamento do ano que vem."
Ceciliano está no comando da Alerj interinamente após a prisão do deputado estadual Jorge Picciani (MDB) na Operação Cadeia Velha, em novembro do ano passado. Acusado de participar de um esquema de propinas no setor de transportes do Rio, Picciani está na cadeia de Benfica.
Pezão foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, 29, na Operação Boca de Lobo. Ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de receber o equivalente a mais de R$ 39 milhões em propina. A procuradora-geral Raquel Dodge afirma que há registros documentais dos pagamentos em espécie, que teriam ocorrido entre 2007 e 2015.
A Boca de Lobo é um desdobramento da Operação Lava Jato. Pezão foi vice-governador do Rio na gestão Sérgio Cabral (MDB) entre 2007 e 2014. Cabral, por sua vez, está preso desde novembro de 2016, condenado a mais de 180 anos de prisão. A Lava Jato atribui ao ex-governador o comando de um esquema milionário de corrupção e propinas.
Em delação premiada, o operador do esquema Carlos Miranda afirmou que Pezão recebeu R$ 150 mil mensais durante o período em que foi vice-governador. Além do governador, outras oito pessoas foram presas, segundo nota da Procuradoria-Geral da República.