Tucanos aprovam exposição do ´economista´ Serra

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Por Agencia Estado
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Os tucanos que receberam, nesta terça-feira, o ministro da Saúde, José Serra, no Seminário O Brasil e a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) aprovaram o discurso do economista e reconheceram nele uma fala de pré-candidato a presidente. "Ele fez uma exposição bem nos moldes em que o PSDB quer colocar-se na campanha presidencial, que é o debate das idéias", resumiu o deputado Xico Graziano (PSDB-SP). A participação do ministro na reunião é apenas um dos atos de Serra, que se divide entre audiências e jantares com políticos, desenvolvendo a pré-candidatura. Logo depois de falar sobre a Alca para parlamentares, diplomatas e empresários, Serra encheu o gabinete de deputados e prefeitos pefelistas para a assinatura de convênios originários de emendas parlamentares. Ele agradou à platéia. "Convidar deputados para assinar os convênios que levam suas emendas aos municípios é um gesto de simpatia que tem uma conotação política, além da técnica, e que, sem dúvida, agrega dentro do Congresso", disse o deputado Gilberto Kassabi (PFL-SP), que, nesta segunda-feira, compareceu ao Instituto de Engenharia de São Paulo para o lançamento da pré-candidatura do governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), a presidente. "Vou levar isto ao conhecimento da Executiva Nacional do PFL e sugerir que nossos ministros façam o mesmo", emendou o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), que elogiou Serra, publicamente, no plenário da Câmara, nesta terça à tarde. Ao receber o ministro da Saúde no Auditório Nereu Ramos para o encontro, ainda de manhã, o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), registrou a chegada de Serra, mas logo deu pistas de que o discurso seria feito pelo pré-candidato e não pelo colaborador do governo, anunciando a fala do "economista". O debate de idéias que Xico Graziano defende como melhor formato de campanha eleitoral ficou claro em seguida quando Serra respondeu às críticas do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente Fernando Henrique Cardoso e à declaração "exportar ou morrer", feita por ele. No lançamento do Projeto Fome Zero, na semana passada, o petista disse que, "enquanto faltar comida na mesa dos brasileiros, não dá para exportar". Serra discorda. "É um equívoco trivial, uma falsa opção, contrapor exportação e mercado interno porque exportar é empregar gente e pagar salários em reais, reforçando o mercado interno", disse. "Quem imaginou que o Serra tinha uma visão estritamente protecionista, viu que ele concorda com a posição liberalizante do governo, desde que haja regras antidumping e se reduzam os subsídios agrícolas", avaliou o deputado Antônio Kandir (PSDB-SP). A agenda política do ministro da Saúde estendeu-se noite adentro nesta terça-feira, com um jantar e uma conversa com parlamentares tucanos de 18 Estados. "O que queremos, na verdade, é que mais gente conheça o Serra", disse Xico Graziano, ao revelar que a reunião é produto da preocupação de ampliar a articulação pró-Serra dentro do PSDB. "Enquanto o Tasso (Jereissati, governador do Ceará, do PSDB) entra em São Paulo, nós trabalhamos para tornar nosso candidato conhecido em todo o País", disse o deputado. O presidente da Câmara aprovou a transparência de Jereissati e Serra. "A movimentação de ambos é muito saudável e é muito positivo que estejam jogando com clareza", avaliou Neves. De passagem por Brasília, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), insistiu em que é muito cedo para o partido discutir nomes. "Agora é hora de reforçar o partido e as discussões internas", disse, ao afirmar que falar em nomes é começar pelo fim. Alckmin defende a definição do candidato só a partir de março, porque o timing do governo é diferente do da oposição. "Enquanto a oposição se preocupa com eleições, o governo tem de se preocupar com a governabilidade", completou.

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