A 12 dias do carnaval, blocos invadem SP

Vila Madalena recebeu 4 grupos; até o fim de fevereiro serão 174

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Além de crescer em número de blocos, o carnaval de São Paulo também se expandiu por outros pontos da Vila Madalena - bairro boêmio da zona oeste da cidade que concentra muitas bandas e coletivos. Neste domingo, 1º, uma multidão invadiu as ruas da Vila Beatriz para desfilar com o bloco Casa Comigo - muita gente entrou no clima e foi para folia de véu de noiva.

A 12 dias do carnaval, a região da Vila Madalena recebeu neste domingo mais dois blocos. O Cortejo de Iemanjá/ Bloco Bastardo saiu na Cardeal Arcoverde e o Chega Mais, na Mourato Coelho. Em Perdizes, na Rua Professor Afonso Bovero, o bloco Pilantragi também atraiu os foliões. Ao todo, a região terá 174 grupos até o fim de fevereiro. A Prefeitura cadastrou 300 blocos na cidade, 75% a mais que o ano passado. 

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O bloco Casa Comigo, que se concentra na Rua Beatriz, nasceu em 2013 pela iniciativa de vizinhos do bairro. Mas foi neste ano que a massa chegou em peso, tomando não só a Beatriz, mas também as Ruas Pascoal Vita e Judite. “No ano passado caiu uma chuva gigante e tinha bem menos gente. Mas desta vez caiu na graça dos foliões”, diz o publicitário Raul Neto, de 31 anos, um dos fundadores do bloco. “Casamento sempre chove, é assim mesmo”, brinca.

O bloco só toca músicas românticas, com direito a Roberto Carlos e Sydney Magal, em ritmo de marcha. São 50 ritmistas, que rodaram pelas ruas do bairro com o trio. “É a brincadeira de poder casar no carnaval e separar na quarta-feira”, completa Fernanda Toth, de 34 anos, que também organiza o bloco. De véu de noiva, as amigas Mirela Tamolo, de 21 anos, e Flavia Borges, de 24, ainda não haviam encontrado os noivos dos sonhos. “Ninguém arranjou nada, mas o bom é o clima do carnaval”, diz Mirela.

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O grupo veio da Mooca, na zona leste, para curtir as ruas e o esquenta para a folia. “No carnaval vamos para o Rio, então aqui é o pré-Rio”, afirma Flavia.

A bateria começou por volta das 13 horas e parou às 17h30. Mas até as 21h30 as ladeiras da vila ainda estavam tomadas. Este ano, após reclamações de barulho e confusão no trânsito, a Prefeitura determinou que os blocos só poderão se manter nas ruas até as 22 horas e terão de se dispersar até a meia-noite.

A organização do bloco alugou 25 banheiros químicos - entre os tradicionais e os modelos só para homens. “Prefiro esse, que não fica aquele cheiro horrível trancado”, disse o administrador Jefferson Lamas, de 24 anos. As meninas não gostaram. “Para nós a fila sempre é maior”, disse uma das foliãs, já impaciente.

Apesar da oferta dos banheiros, alguns se aliviam pelas ruas mesmo. A Rua Isabel de Castela, por exemplo, virou praticamente um banheiro clandestino. Homens e mulheres se escondiam atrás dos carros. “É difícil evitar isso, mas não é nada agradável na porta da nossa casa”, disse um dos moradores, que passeava com o cachorro.

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A PM manteve uma base móvel na Rua Tabocas até as 20 horas. Segundo os policiais que cuidavam do policiamento, não houve ocorrências graves. A Polícia Militar não tinha até as 20 horas estimativa de público.

Banheiro "indiscreto" é aprovado

Os foliões aprovaram os banheiros químicos "indiscretos" - eles ficam abertos nas costas e servem só para homens. Ao lado dos banheiros tradicionais, eles acabaram diminuindo as filas para as mulheres.

A estudante Gabriela Rodrigues, de 21 anos, viu o novo modelo pela primeira vez ontem. "É bom que não dá para ver nada e evita que os homens fiquem urinando no meio da rua”, diz ela. "Os outros ficam só para as meninas, que sofrem mais com banheiro em festas como essa", disse a estudante de Relações Internacionais Isabella Alledo, de 21.

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O operador de telemarketing Márcio Rodrigues, de 35, também aprovou. "Adorei esses postes de fazer xixi sustentáveis", brinca ele. "No lugar de uma pessoa, quatro utilizam de uma vez. É muito prático".