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Congonhas: Aeroporto tem voos cancelados nesta 2ª após incidente com jato; veja a situação

Pista principal ficou fechada por nove horas depois que pneu de avião estourou durante o pouso; só ontem foram 233 cancelamentos; saiba o que fazer se for afetado

Foto do author Renata Okumura
Foto do author Leon Ferrari
Por Renata Okumura , Raisa Toledo e Leon Ferrari
Atualização:

O Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ainda registra cancelamentos e atrasos de voos na manhã desta segunda-feira, 10. Até as 15h, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), havia 68 voos atrasados e 53 cancelados (33 que chegariam e 20 que partiriam do terminal). Os problemas são reflexos do fechamento da pista principal do aeroporto por quase nove horas no domingo, 9, após um incidente com um jato executivo.

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Assim com ontem, o saguão está lotado de passageiros. Só no domingo, de acordo a Infraero, foram 233 cancelamentos - 116 que partiriam do aeroporto e 117 que chegariam. Acompanhe aqui a situação dos voos.

Por volta de 13h30, o pneu do trem de pouso traseiro do Learjet 75 prefixo PP-MIX estourou ao pousar em Congonhas. O avião, que vinha de Foz do Iguaçu (PR), foi parar rente ao limite, já ao lado da Avenida Washington Luís, na zona sul de São Paulo. As cinco pessoas a bordo não se feriram, de acordo a Infraero. “As investigações sobre a causa do acidente estão sendo conduzidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa), órgão do Comando da Aeronáutica”, afirmou a Infraero.

Avião sai da pista no Aeroporto de Congonhas, na cidade de São Paulo. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press

Passageiros enfrentam dificuldade para obter informações e embarcar. Muitas pessoas se aglomeram no check-in da GOL e da Latam.

Pelo menos 22 destinos foram impactados: Rio de Janeiro, Recife, Confins, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Brasília, Fortaleza, Jaguaruna, Londrina, Foz do Iguaçu, Salvador, Vitória, Campinas, Guarulhos, Porto Seguro, Bonito, Maceió, Porto Alegre, São José do Rio Preto e São Carlos.

A DJ Mariana Oliveira, de 33 anos, está desde domingo tentando retornar para Goiânia. Ela e mais dois amigos vieram na sexta-feira, 7, para ver o show do sueco Eric Prydz no sábado, 8. O grupo chegou ao aeroporto por volta de 15h para embarcar às 18h30.

“Quando chegamos ao aeroporto, o avião (que teve o pneu estourado) já estava parado na pista. Todos os voos estavam sendo cancelados. Mas na GOL eles iam postergando, não falaram que iria ser cancelado o voo. Aguardamos até 22h30 para saber que o nosso foi cancelado. Não tem fila prioritária. Idosos passando mal, crianças chorando”, disse Mariana.

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A DJ Mariana Oliveira, de 33, anos, teve o voo para Goiânia cancelado neste domingo, 9, por causa de incidente com jato executivo. Foto: Renata Okumura/Estadão

Ela e os amigos também não conseguiram hospedagem pela companhia aérea, em razão da longa fila de espera. “Para pegar a fila do voucher e de hotel era impossível. Ia até a área de desembarque. Gigantesca. Por sorte, temos amigos de São Paulo e eles nos receberam”, contou ela.

De volta ao Aeroporto de Congonhas na manhã desta segunda-feira, Mariana e os amigos estão se revezando na fila da GOL para tentar remarcar o voo.

“Voltamos para tentar remarcar o voo entre hoje e amanhã. Estamos desde as 7h30 aqui. Não há informações sobre nada. Já são mais de 3 horas na fila”, disse a DJ, que já avisou no trabalho que não tem previsão para voltar.

O ator Marcos Coletta, de 35 anos, faz parte de um grupo de teatro que aguarda para embarcar nesta segunda-feira para Belo Horizonte.

“Nosso voo estava previsto para sair hoje às 9h40, chegamos bem antes do horário. Começamos a enfrentar a fila. Nosso voo partiu sem a gente. Quando apareceu que tinha aberto o embarque no painel, perguntamos se deveríamos ir para outro local, mas disseram que era para continuarmos na fila. Estamos tentando chegar ao guichê para tentar entender o que vão fazer. Se vão remarcar nosso voo. Já estamos desde as 8h00 na fila”, disse Coletta.

Grupo de atores que perdeu o voo em Congonhas nesta segunda-feira, 10, como reflexo do incidente com avião executivo no domingo, 9. Foto: Renata Okumura/Estadão

“O caos já está instalado. A pior parte é a falta de informações. Mas não dá para julgar muito porque são centenas de pessoas buscando informações aqui no aeroporto”, completou o também ator Ítalo Laureano, de 39 anos, que estava com Coletta na fila do check-in da GOL.

Também em busca de informações, o engenheiro de controle e automação Jean Carvalho Lopes, de 29 anos, está com a mulher e o filho de 7 meses em Congonhas. Eles são de Mato Grosso do Sul e estão indo para o Rio de Janeiro, em viagem a passeio. O voo para o Aeroporto Santos Dumont está marcado para 19h40. “Estamos aguardando informações sobre o nosso voo, como devemos proceder. Ainda não sabemos se realmente foi cancelado”, disse Lopes.

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o engenheiro de controle e automação Jean Carvalho Lopes, de 29 anos, está com a mulher e o filho de 7 meses em Congonhas. Foto: Renata Okumura/Estadão

Com a fila prioritária da GOL lotada, a professora Aline Pedroni Miranda, de 33 anos, o marido e o pequeno Pedro, de 2 anos, decidiram permanecer na fila comum, na tentativa de tentarem embarcar para o Recife. É a primeira viagem de avião do filho, que ainda estava animado. “A fila prioritária também está grande. Ficamos aqui mesmo. Chegamos por volta das 10h30 no chech-in. Nosso voo está previsto para 12h35. Espero que a gente consiga embarcar”, afirmou Aline.

Os voos cancelados podem ser remarcados?

Algumas companhias aéreas estão realizando o cancelamento e a remarcação de voos que foram afetados pelo incidente. A GOL informou que é possível postergar ou cancelar a viagem até o dia 23 de outubro, a depender da disponibilidade de voos.

A Latam Brasil oferece o cancelamento ou remarcação de voos com origem, conexão ou destino no Aeroporto de Congonhas nos dias 9 e 10 de outubro.

Como saber se um voo foi afetado?

A Gol sugere que os passageiros evitem ir ao aeroporto se o voo estiver entre os listados: G3 1214 CGH POA G3 1036 CGH SDU G3 1050 CGH SDU G3 1140 CGH CWB G3 1141 CWB CGHG3 2168 CGH SDU G3 1061 SDU CGH G3 1509 SDU VCP G3 1310 CGH CNF G3 2153 CNF CGH G3 1402 CGH BSB G3 1461 BSB CGH G31260 CGH FLN G3 1965 FLN CGH G31314 CGH CNF G3 2116 CGH GYN G3 1431 GYN CGH G3 1449 VCP CGH G3 2165 SDU CGH G3 1052 CGH SDU G31065 SDU CGH G3 2112 CGH CWB G3 1290 CGH POA G31492 CGHBYO G31493 BYOCGH G32115 FLNCGH G31044 CGHSDU G31047 SDUCGH G31035 SDUCGH G31058 CGHSDU G31557 NVTCGH G32115 FLNCGH G31282 CGHNVT G31048 CGHSDU G31153 SDUCGH G32100 CGHGYN G32101 GYNCGH G31556 CGHFLN G31559 FLNCGH G31560 CGHNVT G31593 NVTCGH G32072 SDUSSA G31210 CGHPOA G32053 POASDU G31059 SDUCGH G31211 POASDU G31544 CGHMCZ G31999 MCZBSB G31284 CGHNVT G31273 NVTCGH G31358 CGHVIX G31373 VIXCGH G31373 VIXCGH G31135 CWBCGH G31432 CGHGYN G31742 BSBGYN G31464 CGHBSB G31205 POACGH G32152 CGHCNF G31434 CGHGYN G31056 CGHSDU G3246 SDUFLN G31325 CNCGH G31964 CGHFLN G31317 CNFCGH G31285 CWBCGH G31308 CGHCNF G31226 CGHPOA G31887 POACNF G31612 CGHREC G31551 RECGH G32177 POACGH G31100 CGHCWB G31407 GYNCGH G31574 CGHSSA G31452 CGHBSB G31142 CGHCWB G31147 CWBCGH G31054 CGHSDU G31067 SDUCGH G32177 POACGH G31100 CGHCWB G31512 CGHBPS G31787 BPSBSB G31784 BSBCWB G32159 BSBCGH G32154 CGHVIX G32155 VIXCGH G31145 CWBCGH G31148 CGHCWB G31543 GIGCGH G32190 CGHNVT G32189 NVTCGH G31451 BSBCGH G31445 BSBCGH G31312 CGHCNF G31213 POACGH G31218 CGHPOA G32058 SDUNVT G31375 FLNCGH G31530 CGHFOR G32139 CNFCGH.

Para voos da Latam, a orientação é verificar o status do voo antes de sair para o aeroporto. A verificação pode ser feita pelo site da companhia, latam.com, ou no aplicativo da Latam, na opção “Minhas Viagens”. A empresa recomenda que o passageiro só saia de casa se conseguir fazer o check-in on-line.

A Azul informou que suas operações no aeroporto está “praticamente normalizada”. Segundo a companhia, os clientes poderão remarcar suas viagens até o dia 12 de outubro sem ônus, mediante disponibilidade dos voos e sem alterar aeroportos de origem e destino. “Nesta segunda, ainda como reflexo da interdição de ontem, a empresa precisou cancelar os voos AD4131, AD2855 e AD4030 – ligando Congonhas ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. A Azul destaca que os clientes receberam toda a assistência necessária da Azul, conforme prevê a resolução 400 da Anac, e lamenta eventuais contratempos causados pela situação.”

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Como cancelar ou remarcar os voos?

Os passageiros da Gol podem modificar as informações de seus voos pelo telefone 0800 704 0465. Para clientes Smiles, o telefone é 0300 115 7001 (Smiles e Prata) ou 0300 115 7007 (Ouro e Diamante).

Quem tem voos da Latam marcados pode remarcar ou pedir o reembolso até o dia de hoje. O processo pode ser realizado pelo site da companhia em “Minhas Viagens” e, caso haja alguma dificuldade, também é possível entrar em contato com a Central de Vendas e Serviços (4002-5700 nas capitais ou 0300-570- 5700 nas demais localidades do Brasil).

São cobradas taxas para o cancelamento?

A Gol permite que os clientes posterguem ou cancelem suas viagens sem custo até dia 23, dependendo apenas da disponibilidade de voos. Com a Latam, é possível remarcar ou pedir o reembolso integral das passagens aéreas sem cobrança de multa e de diferença tarifária, mas as condições valem até o dia 10. Clientes da Azul poderão remarcar suas viagens até o dia 12 de outubro sem ônus, mediante disponibilidade dos voos e sem alterar aeroportos de origem e destino.

Se meu voo está atrasado, tenho direito a hospedagem e alimentação?

Maria Stella Gregori, professora de Direito do Consumidor da PUC-SP, fala que, segundo resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), após atraso maior de uma hora, a companhia deve oferecer internet e telefone. Se o atraso for maior que duas horas, é preciso fornecer alimentação. “Pode ser por meio de um voucher, vale-refeição”, exemplifica.

Quando o atraso supera quatro horas, a companhia deve fornecer hospedagem, caso o passageiro precise pernoitar, além do translado de ida e volta do hotel para o aeroporto, explica a docente. Se o cliente for originário da cidade, por exemplo, é preciso oferecer translado do aeroporto para casa e da casa para o aeroporto, na data e horário remarcado.”Se porventura for um passageiro de necessidades especiais, o acompanhante tem todos os mesmos direitos”, complementa Maria Stella. O Procon-SP frisa que é dever da companhia aérea prestar informações de “maneira clara” e “precisa” aos consumidores.

Posso pedir meu dinheiro de volta?

Passadas as quatro horas de atraso, explica Maria Stella Gregori, o passageiro pode pedir o ressarcimento da passagem, caso não queira mais fazer a viagem, ou remarcar a data, por exemplo. Além do reembolso total da passagem, o Procon-SP aponta que a empresa deve apresentar opções de reacomodação de voo ou de execução do serviço por outra modalidade de transporte. “Porém, nessas situações, a empresa aérea não é obrigada a manter a assistência material”, diz ela.

Perdi um compromisso importante, como um casamento, ou um dia de trabalho. Posso pedir reparação na Justiça?

É possível. A orientação de especialistas ouvidas pelo Estadão, porém, é, inicialmente, negociar com a empresa. Deixar claro sobre a necessidade de remarcar o mais breve possível ou pedir auxílio para resolver os prejuízos. Caso considere que houve falta de assistência ou desdém da empresa, judicializar a questão pode ser um caminho. ”Responsabilizar a empresa pela falta de gestão (do problema), ok. Já pela simples perda (de um compromisso ou prazo), acho mais complicado”, fala a professora de Direito do Consumidor da PUC-SP Mariângela Sarrubbo Fragata.

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Ela explica que, se por um lado, sob o ponto de vista do Código de Defesa do Consumidor, se houver um dano ao consumidor, o fornecedor assume “as responsabilidades decorrentes de qualquer dano que possa existir”; por outro, considerando o Código Brasileiro de Aeronáutica, explica, a configuração de caso fortuito ou de força maior - situação difícil de prever ou imprevisível - pode eventualmente afastar algumas responsabilidades. A responsabilidade, nesse caso, então, recai mais sobre a gestão do problema em si, a fim de o passageiro ter o menor prejuízo possível.

Caso o passageiro prefira levar a situação à Justiça, a professora orienta reunir provas, que podem ser testemunhas, fotos, recibos. Ela cita, por exemplo, print do aplicativo de chamadas telefônicas que mostre ligações não atendidas pela companhia, se for o caso.

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