SÃO PAULO - O protesto do Movimento Passe Livre (MPL) contra o reajuste da tarifa de ônibus, trens e metrô terminou em vandalismo e confronto, na noite desta sexta-feira, 8, no centro de São Paulo. O tumulto, causado sobretudo pelo ataque de black blocs a PMs, deixou um rastro de destruição pelas ruas. Até as 23h, havia pelo menos 3 PMs e um manifestante feridos. Ao todo, 17 pessoas foram detidas, acusadas de práticas criminosas e posse de artefato explosivo (bomba caseira). Neste sábado, a passagem sobe de R$ 3,50 para R$ 3,80.
Conforme balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), três agências bancárias foram danificadas. Um carro da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), outro da São Paulo Transporte (SPTrans) e duas viaturas da PM foram depredados. A Polícia Militar estima que 3 mil pessoas tenham participado do ato; os organizadores falam em 10 mil.
Manifestação contra o aumento das tarifas em todo o Brasil
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Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
A manifestação teve, além do Movimento Passe Livre, adesão decoletivos estudantis, secundaristas que participaram das ocupações em escolas, juventude ... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Alguns manifestantes depredaram também uma agência de banco na rua Xavier de Toledo. As vitrines de vidro da loja foram quebradas por vândalos mascara... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Os confrontos fizeram com que a Polícia tivesse que reforçar o efetivo no centro de São Paulo. Ao final da manifestação, muitos conflitos, correria, q... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Alguns manifestantes se revoltaram com a Polícia e foram contidos a socos e pontapés por outras pessoas que estavam no ato. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Uma confusão começou na confluência da Avenida Tiradentes com a Avenida 23 de maio, sob o Terminal Bandeira. Exatamente quando manifestantes ocuparam ... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Um carro da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) foi destruído por mascarados. O para-brisa foi quebrado e o retrovisor esquerdo foi arrancado a c... Foto: Rafael Arbex/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Cerca de mil pessoas estavam na manifestação no Rio, mas tudo aconteceu sem maiores tumultos, já que a Polícia Militar acompanhou o ato de perto. Foto: Fábio Motta/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Os manifestantes não usaram carro de som durante o trajeto - aos gritos, entoaram coros como 'eta, eta, eta, se não baixar a tarifa a gente pula a rol... Foto: Marcos Arcoverde/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Em panfletos, o Movimento Território Livre defende a radicalização dos movimentos. O movimento defende a ocupação de prédios públicos e terminais de t... Foto: Rafael Arbex/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
A manifestação contou até com a presença de instrumentos musicais, responsáveis por ditar o ritmo dos gritos durante o ato. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
A tarde de sexta-feira foi de manifestações lideradas pelo Movimento Passe Livre contra o aumento de R$ 3,50 para R$ 3,80 das tarifas de transporte pú... Foto: Rafael Arbex/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Manifestantes entraram em confilto com a tropa de choque da Polícia Militar, que jogoubombas de gás lacrimogêneo para dispersar os grupos hostis. Foto: Rafael Arbex/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Manifestantes mascarados respondiam às bombas de gás da Polícia arremessandogarrafas e pedras. Orelhão em frente ao Terminal Bandeira foi depredado. Foto: Rafael Arbex/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Um ônibus foi totalmente depredado por mascarados na Rua da Consolação. Vidros foram completamente quebrados com extintores de incêndio e pedaços de p... Foto: Rafael Italiano/EstadãoMais
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Um dos homens quebrou o vidro de uma viatura dos Bombeirose foi contido por um policial militar, que o ameaçou. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Ao menos um policial militar e um manifestante ficaram feridos na confusão. O PM tinha o rosto ensaguentado, enquanto o manifestante foi aparado por c... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
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Muita correria foi registrada quando a Polícia e os manifestantes começaram a entrar em confronto. Foto: Rafael Arbex/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
No Rio de Janeiro, os ativistas que protestaram no centro da cidade decidiram seguir da Assembléia Legislativa até a estação ferroviária Central do Br... Foto: Fábio Motta/EstadãoMais
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Na manifestação do Rio de Janeiro também houveram manifestantes mascarados, mas que permaneceram de forma pacífica. Foto: Fábio Motta/Estadão
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O slogan do protesto em São Paulo era: 'R$ 3,80 o povo não aguenta', mensagem escrita em cartazes e bandeiras. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
A organização do movimento entrou em acordo com a Polícia Militar e a manifestação tevecomo destino a Praça da Sé. Foto: Rafael Arbex/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Segundo Vitor dos Santos, porta-voz do MPL, o foco é a revogação dos novos preços que começam a valer amanhã. 'Os políticos falam que a decisão é técn... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Grupo de manifestantes produziu inúmeras faixas de protesto contra o aumento das tarifas de transporte público. Foto: Rafael Arbex/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
A reportagem doEstadoestimava em cerca de 500 pessoas reunidas em frente ao Theatro Municipal antes do início do ato. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
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O policiamento foi reforçado na região central de São Paulo para evitar maiores confusões. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
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Alguns cartazes faziam referência à truculência policial utilizada para conter os manifestantes em atos anteriores. Foto: Rafael Arbex/Estadão
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Vários punks, mascarados e black blocs também se juntaram ao ato contra tarifa no centro da capital paulista. Alguns usavam capacetes, coletes, joelhe... Foto: Rafael Arbex/EstadãoMais
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No final da tarde, o clima ainda era de tranquilidade com o início das manifestações contra o aumento das tarifas de transporte público. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
Geraldo Alckmin, governador do Estado e Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, foram alguns dos alvos dos manifestantes. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público
A parte da frente do Theatro Municipal de São Paulo ficou totalmente tomada por manifestantes na tarde de sexta-feira. Foto: Rafael Arbex/Estadão
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A Prefeitura de São Paulo lamentou, em nota oficial, “toda e qualquer forma de violência”. Após a dispersão do movimento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se manifestou pelo Twitter, criticando “os inaceitáveis atos de vandalismo e a destruição de patrimônio público ocorridos hoje na capital”. “A PM agiu e continuará agindo para garantir a liberdade de manifestação e o direito de ir e vir. Vandalismo é crime. Não será tolerado.”
A expectativa era de que os 17 detidos fossem liberados até o fim da noite. Oito deles, incluindo dois menores, foram encaminhados para o 78.º DP (Jardins). Pela manhã, o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, já havia alertado que agiria “fortemente, com prisões em relação a eventuais black blocs”. “Manifestação não se confunde com vandalismo.” Até 23 horas, não havia informações sobre os policiais e ativistas que ficaram feridos.
A concentração teve início de forma pacífica, às 17 horas, na frente do Teatro Municipal, a poucos metros da Prefeitura. O ato começou com o slogan “R$ 3,80 o povo não aguenta” e teve a participação, além do MPL, de coletivos estudantis secundaristas das escolas ocupadas, juventude de partidos políticos de esquerda e Sindicato dos Metroviários. Desde o início, a PM monitorou de perto os black blocs. A polícia usou também agentes à paisana.
A marcha começou uma hora depois. Com mascarados na linha de frente, o grupo passou pelo Largo do Paiçandu, acessou a Avenida Tiradentes e entrou no Túnel do Anhangabaú. Por volta das 19h20, a confusão começou na confluência das Avenidas 23 de Maio e 9 de Julho, quando um veículo ficou no meio da passeata e deu a ré. Mascarados foram na direção do carro e a PM reagiu com bombas de efeito moral.
A região virou uma praça de guerra. A confusão se espalhou pela Ladeira da Memória, levou ao fechamento da Estação Anhangabaú do Metrô e assustou passageiros do Terminal Bandeira. Em resposta à ação da Tropa de Choque, os black blocs atacaram com garrafas, pedras e pedaços de madeira.
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Houve pânico. A comerciante Elisangela Rodrigues, de 27 anos, estava no Terminal Bandeira quando o gás lacrimogêneo tomou o local. Chorando e assustada, não sabia do protesto. “Eu desci do ônibus e começou a estourar um monte de bomba. Tinha rojão voando por cima da minha cabeça.”
Série de ataques. Divididos em vários grupos, os black blocs iniciaram uma série de ataques. Parte dos mascarados foi para a Rua Xavier de Toledo, Rua da Consolação, Praça Roosevelt, Rua Amaral Gurgel e chegou à Avenida Paulista.
Os black blocs interceptaram ao menos dois ônibus que subiam a Avenida Ipiranga. Os passageiros receberam ordem para descer – de um deles saltou uma mulher com um bebê de colo. Os motoristas foram obrigados a atravessar os coletivos na Rua da Consolação. Os mascarados, então, destruíram os ônibus – os vidros foram quebrados e as latarias, pichadas.
Confira o preço da passagem de ônibus nas capitais do País
1 / 7Confira o preço da passagem de ônibus nas capitais do País
Curitiba (PR)
Em Curitiba, onde há um dos sistemas de ônibus mais modernos do País, a passagem custa R$ 3,30 Foto: Divulgação
Porto Alegre (RS)
A tarifa de ônibus em Porto Alegre é de R$ 3,25 Foto: Paulo Magalhães/Prefeitura de Porto Alegre/Divulgação
Macapá (AP)
Em Macapá, a tarifa dos ônibus custa R$ 2,75 Foto: Alex Silveira/Prefeitura de Macapá/Divulgação
Palmas (TO)
A atual tarifa de ônibus em Palmas é de R$ 2,95 Foto: Valério Zelaya/Prefeitura de Palmas/Divulgação
Goiânia (GO)
Em Goiânia (GO), o último reajuste foi em fevereiro de 2015, com aumento da tarifa de R$ 2,80 para R$ 3,30 Foto: Divulgação
Recife (PE)
No Recife (PE), o preço da passagem subiu de R$ 2,15 para R$ 2,45 em janeiro de 2015 Foto: Divulgação
Fortaleza (CE)
Em Fortaleza (CE), a passagem de ônibus subiu deR$ 2,20 paraR$ 2,75 em novembro de 2015 Foto: Divulgação
O motorista Alexandre Cazuza, de 46 anos, dirigia um dos veículos e foi ameaçado. “É desse jeito que querem reivindicar? Entraram no ônibus com spray de pimenta. Eu disse que ia deixar o ônibus do jeito que eles pedissem”, contou. Um outro grupo tomou um ônibus na Rua Amaral Gurgel. Na esquina com a Conselheiro Brotero, o coletivo foi colocado na transversal e mascarados quebraram janelas e picharam a lataria.
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O ataque causou pânico entre motoristas e pedestres que transitavam pela via sob o Minhocão. “O pessoal mascarado chegou já com o ônibus dominado, já sem passageiros”, disse a atendente Roberta Barros, de 29 anos.
Revogação. Segundo Vitor dos Santos, porta-voz do MPL, o foco da manifestação foi a revogação dos novos preços. “Os políticos falam que a decisão é técnica, mas beneficia mais os empresários do que a população”, disse, antes dos confrontos.
À noite, em sua página nas redes sociais, o MPL manteve o mesmo tom e alegou repressão do Estado. “Não são bombas, balas e prisões que vão nos impedir. A repressão conjunta dos governos municipal e estadual deixa bem claro que eles querem nos fazer pagar pela crise e manter o lucro dos empresários.” Por fim, o Passe Livre convocou novo protesto para terça-feira./ COLABORARAM MÔNICA REOLOM, JÚLIA MARQUES E FABIO LEITE