SOROCABA - Quase a metade dos caminhoneiros que trafegam por rodovias do Estado de São Paulo tem jornada excessiva ao volante e admite abuso no consumo de álcool. A conclusão é de pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 27, pela Secretaria Estadual de Saúde. As entrevistas foram realizadas em março e abril deste ano nas Rodovias Fernão Dias, na região de Bragança Paulista, e Transbrasiliana, na região de Marília, ambas no interior de São Paulo.
A amostragem, que abrangeu 309 motoristas, indicou ainda que 71,5% dos caminhoneiros estão acima do peso e 34% apresentam hipertensão arterial. Mais da metade deles - 56,3% - apresenta redução de força manual. O excesso de jornada foi apontado por 48,5% dos entrevistados, enquanto 45% afirmaram que abusavam do álcool.
O levantamento fez parte do programa "Comando de Saúde nas Rodovias", que envolve ainda o Serviço Social do Transporte (Sest), o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
De acordo com Simone Alves, da Divisão Estadual de Saúde do Trabalhador, a ação objetiva avaliar a saúde dos motoristas de cargas pesadas e contribuir para aumentar a segurança dos demais motoristas que trafegam pelas rodovias. Além de orientações e encaminhamento, os entrevistados receberam vacinas.
Para o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Estado de São Paulo (Sindicam), Norival de Almeida Silva, o quadro apresentado pela pesquisa reflete as condições de trabalho do profissional.
"Isso acontece também em outras rodovias e resulta dessa jornada excessiva que sacrifica o trabalhador e contribui muito para os acidentes", afirmou o presidente do sindicato.
Segundo Silva, a Lei 13.103, também conhecida como Lei do Caminhoneiro, reduziu o período de descanso e aumentou o tempo do motorista ao volante.
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