Carnaval: Escolas do Grupo Especial de SP abrem desfiles nesta sexta; veja a ordem das apresentações

Enredos vão explorar temática negra, sempre valorizada e presente, com homenagens que vão de orixá sagrado cultuado por religiões de matriz africana ao afoxé Filhos de Gandhi, tradicional bloco carnavalesco da Bahia

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Foto do author Caio Possati
Atualização:

Começam nesta sexta-feira, 28, os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do carnaval de São Paulo. As 14 agremiações da elite levarão para o Sambódromo do Anhembi, na zona norte da cidade, o resultado de meses de preparo, trabalho e dedicação. Os enredos prometem explorar a temática negra, sempre valorizada e presente, com homenagens que vão de orixá sagrado cultuado por religiões de matriz africana ao afoxé Filhos de Gandhi, tradicional bloco carnavalesco da Bahia. Mas temas atuais também vão aparecer na avenida, como jogos que demandam sorte.

Todo o esforço de carnavalescos e foliões poderá ser apreciado por cerca de uma hora - a caminhada pela passarela, de 530 metros, deverá ser concluída entre 55 e 65 minutos - pelas próximas duas madrugadas. Como nos anos anteriores, as apresentações vão ser divididas em duas noites, com sete apresentações em cada dia.

Desfile da escola Mancha Verde, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, em 2024. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

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Na sexta-feira, os cortejos serão abertos com a Colorado do Brás, às 23h. A agremiação, com sede no bairro central, foi uma das que conseguiu o acesso para o Grupo Especial no ano passado junto com a Estrela do Terceiro Milênio. Completando 50 anos de fundação neste ano, a agremiação apresentará o enredo Afoxé Filhos de Gandhy, no ritmo da fé, tradicional bloco carnavalesco que nasceu em Salvador na década de 1940.

Na sequência, a escola que passará pelo Sambódromo é a Barroca Zona Sul, com o enredo Os nove oruns de Iansã, que conta sobre o nove céus sagrados filhos de Oyá, orixá sagrado cultuado por religiões de matriz africana, como Candomblé e Umbanda, e associada aos ventos e aos raios.

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A Dragões da Real, segundo colocada do Carnaval do ano passado, passará na sequência. À 1h10, a escola entra na avenida para tentar o seu primeiro título na história do Grupo Especial, depois de bater na trave em várias oportunidades com boas apresentações nos desfiles anteriores. Foram três vice-campeonatos em 2017, 2019 e 2024.

Sob a batuta do carnavalesco Jorge Freitas, a agremiação escolheu o enredo A vida é um sonho pintado em aquarela!. O desfile tem inspiração na música Aquarela, escrita por Guido Morra, Vinicius de Moraes, Mushi, e Toquinho - foi na voz do último que a música ganhou notoriedade. A proposta de Freitas, é “transformar a passarela do samba em uma linda pintura para cantar o ciclo da vida de forma lúdica” - e, para isso, a inspiração vem dos versos da música.

Carros alegóricos, estacionados já no Sambódromo do Anhembi, recebem os últimos ajustes antes do desfile. Foto: Werther Santana/Estadão

A Mancha Verde, que está completando 30 anos de história, tem feito desfiles sólidos nos últimos anos, com dois títulos, em 2019 (com o enredo Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra) e 2022 (Planeta Água), e dois vice-campeonatos, em 2020 e 2023. No ano passado, ficou na 5.ª colocação. Ela será a quarta escola do primeiro dia de desfiles, com o cortejo programado para começar às 2h15.

O almejado terceiro título da agremiação alviverde será buscado com o enredo Bahia: da Fé ao Profano, em que pretende-se explorar como sinergia entre os costumes religiosos, as crenças ao sagrado (elementos da fé) unido às festas, danças e batuques (que constituem o profano) formam a cultura do Estado baiano.

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No fim da madrugada e início da manhã, mais duas campeãs estarão no Anhembi, a Rosas de Ouro e a Camisa Verde e Branco. A Rosas trouxe para o seu barracão o carnavalesco Fábio Ricardo, profissional que fez carreira no Rio e já trabalhou ao lado de profissionais consagrados, como Joãosinho Trinta. Em Grande Jogada, vai contar sobre as jogatinas, os jogos de azar, e como esse hábito é tão antigo, histórico e cultural.

Já a Camisa Verde e Branco, com O Tempo não Para!, vai apostar em uma homenagem a Cazuza.

Em busca do tricampeonato, ‘Morada do Samba’ desfila no sábado

No sábado, uma das atrações é a atual bicampeã do carnaval paulistano, a Mocidade Alegre, da Casa Verde (zona norte). A Morada do Samba se isolou como a segunda agremiação em número de títulos em São Paulo e tenta igualar a Vai-Vai como maior campeã da era Anhembi, além de buscar seu terceiro tricampeonato (após as vitórias de 1971 a 73 e de 2012 a 2014).

O enredo será Quem não pode com mandinga não carrega patuá, falando da história da diáspora negra e como objetos religiosos (terços, balangandãs e guias), já costurados à cultura brasileira, contribuíram para a resistência dos negros.

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Para tentar superá-la, a Gaviões da Fiel, novamente com Sabrina Sato à frente da bateria, leva para o sambódromo o enredo Irin Ajó Emi Ojisé, com foco nos rituais com máscaras, representando a diversidade das etnias presentes na África.

Integrantes da Mocidade Alegre celebram o título conquista no Carnaval de 2023, no barracão da escola (Arquivo: fevereiro/2023) Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Já a Vai-Vai, a maior campeã, com 15 títulos, escolheu como enredo O Xamã Devorado y A Deglutição Bacante de Quem Ousou Sonhar Desordem para eu cortejo. O desfile fará uma homenagem para o diretor e dramaturgo, José Celso Martinez Correa, o Zé Celso, e suas conexões com o Bixiga, bairro da região central onde a escola foi fundada.

A segunda noite será aberta com Águia de Ouro, homenageando o cantor Benito Di Paula, e terá ainda Império de Casa Verde com Cantando Contos, enredo que passará por vários universos literários. Caberá à Acadêmicos do Tucuruvi a lembrança indígena, em Assojaba – A Busca pelo Manto.

A Estrela do Terceiro Milênio, por sua vez, virá com Muito além do Arco-Íris – Tire o Preconceito do caminho que nós vamos passar com o Amor. A pretensão da escola, que passará pela avenida depois de ascender do Grupo de Acesso, é levantar críticas ao preconceito ao diferente e como a intolerância possui raízes profundas na história do Brasil.

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Ordem das apresentações

1° dia de desfiles - Sexta-feira, 28 de fevereiro

  1. 23h - Colorado do Brás
  2. 0h05 - Barroca Zona Sul
  3. 1h10 - Dragões da Real
  4. 2h15 - Mancha Verde
  5. 3h20 - Acadêmicos do Tatuapé
  6. 4h25 - Rosas de Ouro
  7. 5h30 - Camisa Verde e Branco

2° dia de desfiles - Sábado, 1° de março

  1. 22h30 - Águia de Ouro
  2. 23h35 - Império de Casa Verde
  3. 0h40 - Mocidade Alegre
  4. 1h45 - Gaviões da Fiel
  5. 2h50 - Acadêmicos do Tucuruvi
  6. 3h55 - Estrela do Terceiro Milênio
  7. 5h - Vai-Vai

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