Vitória foi morta a facadas e polícia questiona ‘atitudes diversas do esperado’ do pai da jovem

Defesa de Carlos Alberto diz que a inclusão dele no rol de investigados é ‘absurda’ e que ele colabora com as investigações. SSP afirma que não existe investigação contra ele

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

Segundo a polícia, o pai da adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, assassinada em Cajamar, na Grande São Paulo, apresentou depoimentos controversos. Ele chegou a ficar na condição de ‘averiguado’, mas as suspeitas contra ele foram posteriormente descartadas.

A defesa de Carlos Alberto disse que a inclusão dele no rol de suspeitos era “absurda” e que, desde o desaparecimento da filha, o pai colabora com a investigação.

Vitória Regina de Sousa sofreu cortes profundos no tórax, no ventre, no rosto e na garganta. Foto: Arquivo Pessoal

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A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que, como em toda investigação de homicídio, a lista de suspeitos é elaborada com base nas pessoas próximas à vítima ou ao crime, sendo alterada com o desenrolar das investigações. “A Polícia Civil de Cajamar permanece com as diligências para identificar e prender outros envolvidos”, diz, em nota.

Conforme a polícia, o pai teria apresentado “atitudes diversas do esperado” após a morte da filha. No dia em que Vitória foi arrebatada pelos supostos assassinos, o homem deveria buscá-la no ponto de ônibus, mas mandou seu carro para uma oficina mecânica. Ele teria omitido ligações via celular feitas à filha e, enquanto ela estava desaparecida, teria se preocupado em pedir um terreno ao prefeito de Cajamar.

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Quando o corpo da filha foi encontrado, o pai não teria demonstrado a emoção esperada com a confirmação da morte, segundo a polícia. A investigação aponta ainda que Carlos Alberto teria uma relação conturbada com a jovem que, por um período, chegou a ir morar com a irmã.

Até agora, as investigações sobre o assassinato da jovem resultaram na prisão temporária (30 dias) de Maicol Sales dos Santos, decretada no último sábado, 8, pela Justiça. O suspeito passou por audiência de custódia no domingo, 9, e foi mantido preso. Maicol é dono do automóvel Toyota Corolla, que foi visto na cena do crime. Havia também movimentação anormal na casa dele naquela noite. Amostras recolhidas no veículo, inclusive fios de cabelo, foram levadas para exames.

A defesa de Maicol diz que ele sempre colaborou com a investigação e que sua inocência será comprovada.

A reportagem entrou em contato com o advogado Fabio Costa, defensor de Carlos Alberto, e aguarda retorno. Em entrevista à CNN ele disse que o pai da Vitória nunca foi ouvido formalmente pela polícia, apenas de maneira informal durante as diligências. Segundo ele, as ligações para a filha são normais e a polícia não perguntou ao pai sobre elas.

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Crime brutal

A adolescente Vitória foi morta de forma brutal, com o emprego de um objeto penetrante e cortante, possivelmente uma faca. A garota sofreu cortes profundos no tórax, no ventre, no rosto e na garganta. As marcas no corpo indicam que ela foi torturada.

Os detalhes, revelados pelo G1 com base em laudo dos peritos da Superintendência de Polícia Técnico-Científica de São Paulo, foram confirmados pelo Estadão.

A SSP-SP informou que os resultados dos laudos dos exames periciais ainda são aguardados pela investigação. Durante os trabalhos de campo, as equipes encontraram em um local objetos pertencentes à vítima, assim como fios de cabelo, que foram encaminhados para análise de DNA. Esse local pode ser o cativeiro em que a adolescente foi mantida por pelo menos dois dias após ser arrebatada pelos criminosos.

Vitória desapareceu na noite de 26 de fevereiro, após sair do trabalho, em um shopping de Cajamar, na Grande São Paulo. As buscas foram iniciadas na manhã seguinte e o corpo foi encontrado no dia 5 de março, em uma área de mata, onde foi ‘desovado’ pelos criminosos. Ela estava nua e com os cabelos raspados.

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O ritual que envolveu o assassinato de Vitória levou a polícia a suspeitar o envolvimento de uma facção criminosa no crime. A motivação do crime ainda está sendo investigada. Existe a possibilidade de um crime passional por vingança, praticado por pessoas que se relacionaram com Vitória.

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