O Ministério Público Estadual (MPE) apresentou anteontem a primeira denúncia contra a chamada máfia da pontuação. O grupo receberia propina para tirar do prontuário de motoristas pontos de multas, transferindo-os para carteiras de habilitação de pessoas especializadas em receber os pontos, os chamados hospedeiros. Os acusados também cancelariam as multas, causando prejuízo ao Estado.A ação tem como alvo o delegado Bruno Jacintho de Almeida Júnior e a funcionária pública Cláudia Maria Gavazzi. Ambos alegam inocência. Eles trabalhavam na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Peruíbe, na Baixada Santista, e foram apontados pela promotoria como "parte de um esquema de quadrilheiros muito grande e com inúmeros tentáculos". A máfia atuaria ainda nas regiões de Campinas e Vale do Paraíba.A investigação começou depois que o Detran percebeu a existência de pessoas com até 10 mil pontos na carteira. Em outros casos, a pontuação permanecia na carteira do hospedeiro por poucos minutos e apagados em seguida, com a justificativa de terem sido inseridos por engano.Mais de mil motoristas podem ter sido beneficiados. Cinco deles já foram identificados em Peruíbe e são citados na denúncia. Eles devem ser acusados de corrupção ativa. Já o delegado e a sua subordinada foram denunciados por formação de quadrilha, corrupção passiva e inserção de informação falsa em banco de dados público. Despachantes da Praia Grande também estariam envolvidos no esquema.O dinheiro do esquema teria sido lavado pelo delegado com a compra de imóveis. O MPE pediu à Justiça perícia contábil para determinar os valores que "foram surrupiados dos cofres públicos", além da continuidade das investigações para identificar os motoristas, a prisão preventiva do delegado e a transformação da prisão temporária de Cláudia em preventiva.
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