Nesta sexta-feira, 29, após um entregador denunciar nas redes sociais que teria sofrido agressão durante sua jornada de trabalho, um grupo de entregadores se reuniu para protestar em frente ao prédio em que o agressor estava, na Rua Peixoto Gomide, na região dos Jardins, em São Paulo. Segundo a Polícia Militar, cerca de dez pessoas depredaram a portaria do prédio, feita de vidro.
O entregador supostamente agredido diz que estava trabalhando na noite de quinta-feira, 28, quando, ao passar pela calçada em frente ao prédio e acionar a buzina de sua bicicleta, foi mirado por um homem com “cara feia”. Ao perguntar o motivo da reação negativa, o entregador foi incentivado pelo homem a se aproximar e, em seguida, agredido por ele.
“Tô desde manhã trabalhando. Não mexo com ninguém. Passei na calçada e apertei a buzininha da bike. Aí, o cara estava com a ‘mina’ dele, olhou com a cara feia pra mim, tipo, para falar: ‘sou mais macho’, se aparecer para a mulher. Perguntei: ‘mano, você ‘tá' com a cara feia por quê? Só apertei a buzina e passei’”, relata o entregador, em vídeo compartilhado em perfis de entregadores no Instagram.
“Ele já deu na minha cara. Não deu tempo nem de tirar a mão do guidão”, diz o entregador. No vídeo, ele aparece com o rosto sangrando e mostra a fachada do prédio em que o homem entrou após agredi-lo, chamando outros entregadores para prestar apoio.
Segundo Márcia Malheiros, síndica profissional do condomínio Villa Borghese Lucy, depredado pelos entregadores, foram quebrados dois vidros e o sistema de biometria facial. Um portão foi arrancado e, ao ser reinstalado, está funcionando com problemas. “A estimativa de prejuízos é de até R$10 mil”, diz.
O condomínio também decidiu contratar um serviço de segurança privada, por medo que possíveis novos episódios de vandalismo ou até agressões contra moradores.
Márcia afirma que a agressão foi na calçada e não tem relação direta com o condomínio. Segundo ela, na quinta, por volta das 21 horas, “o morador estava aguardando um Uber na frente do prédio, próximo à entrada, com a namorada. O entregador passou de bicicleta e, segundo a versão de ambos, buzinou. Em seguida, começou a discussão que resultou nas agressões físicas”.
“Toda a ação foi gravada pelo circuito interno de câmeras e serão disponibilizadas para as autoridades competentes”, afirma a síndica.
Segundo a Polícia Militar, não foram feitos boletins de ocorrência sobre o caso – nem por parte do entregador agredido nem pelo prédio, por ter sido vandalizado. A síndica diz que o registro ainda deve ser feito. A PM só foi acionada para atender à ocorrência de vandalismo no momento em que ela ocorria, por volta das 16h, na sexta.
“(Fomos) informados de que cerca de 10 pessoas estavam danificando o portão de um condomínio. Assim que notaram a chegada da viatura, o grupo dispersou”, diz a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Já a síndica diz que o número de responsáveis pelo vandalismo chega perto de 30.
Na tarde de sábado, 30, funcionários faziam reparos nos espaços que foram quebrados, utilizando tapumes de madeira.