Atualização: Ricardo Oliveira Santos morreu em decorrência dos tiros no peito
SÃO PAULO - Um morador de rua foi baleado por um policial militar na Rua Mourato Coelho, em Pinheiros, no início da noite desta quarta-feira, 12, após uma suposta discussão. A corporação fala que o agente foi ameaçado por um pedaço de pau empunhado pelo homem, enquanto testemunhas reclamam da ação que consideram desproporcional.
O reforço policial foi acionado para o local às 18h30. Pouco antes, o homem identificado apenas como Ricardo sofreu ao menos dois tiros durante uma discussão com PMs. A discussão teria se intensificado quando ele pegou o pedaço de madeira. Testemunhas acrescentaram que, nesse momento, um policial sacou a pistola e realizou os disparos, fazendo com que o homem caísse sem reação próximo ao cruzamento com a Rua Navarro de Andrade. A vítima foi levada para atendimento no Hospital das Clínicas.
Testemunhas relataram que a PM teria sido primeiramente acionada pelo dono de uma pizzaria após o morador de rua pedir alimento. Em nota, os responsáveis pela pizzaria localizada na rua negaram que tenham chamado a polícia e ressaltaram que o restaurante estava fechado no horário do crime.
O morador de rua Gilvan Artur Leal, de 52 anos, protestou contra a ação policial. "Ele só foi pedir um pedaço de pizza e pouco depois estava sangrando no chão pedindo ajuda", relatou. Segundo moradores da área, Ricardo costumava coletar material reciclável e papelão pelas ruas da região, sendo conhecido da vizinhança e nunca tendo demonstrado comportamento agressivo.
Duas testemunhas relataram à reportagem ter sido abordada por policiais militares que solicitaram a exclusão de imagens feitas no momento da ocorrência. Um deles, que se identificou apenas como Cleiton, publicitário de 48 anos, disse ter sido até agredido por um PM. Ele apresentava um ferimento em uma das mãos. "Logo que viram que eu estava filmando, vieram para cima de mim e me empurraram", disse.
Um tenente da Corregedoria da PM realizava diligências no local na noite desta quarta. A corporação não comentou as denúncias de agressão e de pedidos de exclusão de imagem.
Em nota, a Secretaria da Segurança disse que equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, "estão em campo para colher elementos que constarão no boletim de ocorrência, que será registrado pelo departamento para investigação das circunstâncias". A pasta acrescentou que a "Corregedoria da PM também apura a ocorrência, como é de praxe e exige a resolução SSP 40/2015".
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