Um grupo de moradores de Itanhaém conseguiu parar uma obra da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que estava sendo realizada em uma das praias da cidade, a do bairro de Jardim Suarão. Chocados com o trabalho de operários na faixa de areia, os moradores iniciaram um abaixo-assinado que já ganhou cerca de mil adesões.Eles se mobilizaram há cerca de dois meses e denunciaram o caso ao Ministério Público Federal e à Secretaria de Patrimônio da União (SPU), uma vez que os territórios das praias brasileiras são áreas federais. No último dia 22, a SPU parou a obra.Segundo o jornalista João Malavolta, um dos representantes do Movimento Praia sem Esgoto, a obra consiste na instalação de um tronco coletor da rede de esgoto. Ele afirma que o fato de não haver uma avenida beira-mar contínua, pois há casas construídas na beira da areia, fez a Sabesp levar a obra para a areia. "É algo que não vi em praia nenhuma do mundo", afirma Malavolta, que é surfista, em relação a tubulações de acesso à rede de esgoto na areia. "O cheiro é insuportável", diz. Ele argumenta que a cidade prejudicou seu principal atrativo: o turismo. "Quem vai querer abrir o guarda-sol ao lado dessas estruturas?" A Sabesp afirmou que realiza a obra com as "devidas licenças ambientais", sem informar quais órgãos as expediram. Disse ainda que já apresentou as informações solicitadas pela SPU. O Estado não localizou a assessoria da prefeitura de Itanhaém na noite de sexta-feira. Onda Limpa. A obra é uma das diversas intervenções da Sabesp no litoral desde 2007, quando o programa Onda Limpa foi inaugurado - à época, 53% do esgoto era tratado e coletado na Baixada. A meta era chegar a 95% em 2011. O órgão alcançou 80%. Segundo o superintendente da unidade da Baixada Santista, João César Queiroz Pedro, trata-se de um índice "ótimo", que dará um "reflexo significativo". "As obras que começaram em 2007 são estruturantes. São estações de tratamento de esgoto e também toda a parte de rede coletora. E as ligações começaram a ser feitas agora em 2010", diz.Entre as obras feitas pela Sabesp estão sete estações de tratamento e 50 mil ligações de esgoto. Outras 30 mil podem ser feitas, mas dependem de obras de adaptação dos moradores. Em Santos, quase 100% do esgoto é coletado, segundo Pedro.No litoral norte, o programa começou em 2008. Em Caraguatatuba, foram entregues quatro sistemas de esgotamento sanitário. Também houve ações em outras cidades, como a entrega de um emissário em Ilhabela. Onze obras ainda estão em execução.Moradores e ambientalistas, porém, afirmam que o serviço chega de forma lenta, diante da defasagem da região. O Instituto Ilhabela Sustentável estima que apenas 15% da população esteja conectada à rede de esgoto. /M.P.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.