Apesar de haver critérios técnicos bem definidos em lei, são as razões políticas que comandam a lógica dos investimentos públicos do Ministério da Integração Nacional. Isso ficou bem claro durante a passagem do ministro Geddel Vieira Lima pela pasta, de 2007 ao fim de 2009, quando saiu para se candidatar ao governo da Bahia, cacifado pela farta distribuição de recursos ao Estado. Levantamento feito no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) mostra que 48,3% das verbas gastas em 2009 pelo Ministério na rubrica "prevenção e preparação para desastres" foram para a Bahia, ou quase metade dos R$ 143,7 milhões destinados a todo o País. Da bolada de R$ 69 milhões que Geddel mandou para o Estado, 88% foram destinados a prefeituras comandadas pelo seu partido, o PMDB. Questionado ao deixar o cargo, Geddel negou ter beneficiado prefeituras do seu partido e alegou que parte dos pagamentos que fez era relativa a convênios firmados anteriormente. Mas admitiu, olimpicamente, que não se arrepende de mandar recursos para atender às necessidades do povo do seu Estado. O problema é que, enquanto ele enchia os cofres baianos, Santa Catarina e Rio Grande do Sul padeciam debaixo de tempestades nunca vistas. Pelo levantamento, o governo catarinense levou apenas R$ 5,4 milhões em 2009, ou 3,8% do total. E há outros dados inexplicáveis no fluxo de liberações. Só Salvador, por exemplo, ganhou quase 15 vezes mais dinheiro que todos os municípios de São Paulo, que também padeceu com intempéries. E os baianos tiveram fatia 41 vezes maior que as prefeituras do Rio juntas.
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