Uma queda de braço entre o artista plástico paulistano Eduardo Srur, conhecido por polêmicas intervenções urbanas, e a Subprefeitura de Pinheiros, na zona oeste, pode impossibilitar a instalação de uma nova obra. Na tarde de ontem, Srur e sua equipe colocavam uma réplica de uma carruagem do século 19 na Ponte Octavio Frias de Oliveira, no Rio Pinheiros, quando fiscais apreenderam o material. "É um absurdo. Estão censurando o meu trabalho, que é uma crítica à mobilidade urbana atual. Tenho todas as autorizações desde o ano passado", disse o artista, que afirma ter avais da Secretaria Municipal de Cultura, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), da Empresa Municipal de Águas e Energia (Emae) e da Comissão de Proteção da Paisagem Urbana (CPPU). Na tarde de ontem, Srur se reuniu com autoridades municipais para tentar resolver o imbróglio, mas não houve desfecho e nova reunião deve ocorrer na manhã de hoje. Em nota, a Subprefeitura de Pinheiros informou que solicitou documentação necessária para autorização do evento e não recebeu as autorizações da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) e da CPPU. "Por não ter autorização para o procedimento nesta data, esclarecemos que uma equipe de fiscalização desta subprefeitura segue para o local para que seja efetuada a autuação e apreensão dos objetos citados", explica a nota.De acordo com a arquiteta Guiomar Leitão, que presta consultoria para a empresa de Srur, tudo não passa de um mal-entendido. "Certamente esses documentos estão em trânsito", comentou, confiante de que tudo será resolvido hoje. Srur garante que, se conseguir reaver o material apreendido até o meio-dia de hoje, tem capacidade técnica para restaurar tudo a tempo para que a exposição comece amanhã. "Apesar de eles terem avariado a peça escultórica, manuseando-a sem o cuidado necessário."A obra. A ideia de Srur era mostrar que, na prática, os cavalos andariam mais rápido do que os carros no trânsito paulistano. Na quinta-feira, ele promoveria uma corrida entre uma carruagem puxada por um cavalo e um carro, na hora do rush. A carruagem, réplica de um modelo do início do século 19, circularia pela ciclovia do Rio Pinheiros, ao lado da Linha 9-Esmeralda da CPTM - ou seja, teria caminho livre à frente. Puxada por cavalos, poderia atingir 18 km/h. Já o carro, conduzido por um piloto profissional, teria de enfrentar as agruras do trânsito na Marginal. A largada estava prevista para acontecer na altura da Estação Granja Julieta e a chegada seria na Ponte Octavio Frias de Oliveira. O evento deveria ser o ponto alto de uma exposição que estava planejada para começar amanhã e seguir até 7 de outubro. O artista instalaria uma réplica de carruagem dos tempos do Império a 30 metros do chão, sobre o concreto aparente da ponte. Os trabalhos de instalação da peça, ontem, foram interrompidos pelos fiscais da subprefeitura.