Moradores de cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro foram surpreendidos na madrugada desta sexta-feira, 14, com um alerta de terremoto enviado para celulares que usam o sistema operacional Android. A mensagem falava de registro de tremores de terra no litoral norte paulista, com epicentro a cerca de 55 quilômetros de Ubatuba.
A Defesa Civil paulista, porém, disse não ter registrado nenhuma ocorrência do tipo. Para diferentes lugares entre os dois Estados, a mensagem - disparada por volta das 2h20 - mencionava diferentes níveis de abalo sísmico - entre 4,4 e 5,5 de magnitude.

“A Defesa Civil do Estado de SP esclarece que não emitiu nenhum alerta de terremoto na madrugada desta sexta-feira (14)”, informa o órgão, em nota. Segundo o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), continua a Defesa Civil, “não foi registrado nenhum abalo sísmico no Estado”. Tampouco as defesas civis municipais fizeram algum atendimento nesse sentido.
Por meio de nota, o Centro de Sismologia do IAG-USP disse que, na madrugada desta sexta-feira, a Defesa Civil do Estado de São Paulo procurou o instituto sobre um possível tremor na costa brasileira e, posteriormente, emitiu uma nota de imprensa sobre o ocorrido.
“No entanto, nem o Centro de Sismologia da USP nem qualquer outra instituição no Brasil ou no exterior registraram qualquer sismo na região nesta madrugada”, disse. Um evento dessa magnitude seria detectado não apenas pelas estações sismográficas instaladas no País, mas também por redes internacionais de monitoramento sísmico, segundo o instituto.
“Trata-se, portanto, de um falso alerta. Aliás, foram dois: um por volta das 2h30 e outro às 3h40″, afirma o Centro de Sismologia do IAG-USP.
Questionado, o Google admitiu a falha, pediu desculpas e disse que desativou o sistema de alerta no Brasil.
“O Sistema Android de Alertas de Terremoto é um sistema complementar que usa celulares Android para rapidamente estimar vibrações de terremotos e oferecer alertas para as pessoas. Ele não foi desenhado para substituir nenhum outro sistema de alerta oficial. Em 14 de fevereiro, nosso sistema detectou sinais de celulares em localização próxima ao litoral de São Paulo e disparou um alerta de terremoto aos usuários na região. Nós desativamos prontamente o sistema de alerta no Brasil e estamos investigando o ocorrido. Pedimos desculpas aos nossos usuários pelo inconveniente e seguimos comprometidos em aprimorar nossas ferramentas.”
O site do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que monitora abalos sísmicos em todo o planeta, também não aponta para ocorrências de tremores de terra perto do litoral de São Paulo.
Terremotos não costumam ocorrer no Brasil, por conta posição geográfica do País, bem no meio de uma placa tectônica. Isso não significa, porém, que seja impossível sentir tremores advindos de abalos sísmicos que ocorrem em regiões próximas.
Qual foi o maior tremor de terra já registrado no Brasil?
O maior tremor de terra já registrado no Brasil ocorreu na Amazônia, a 614,5 quilômetros de profundidade, o que permite a dissipação da energia. Não houve vítimas ou prejuízos graves registrados. Segundo os geólogos, um tremor nessa profundidade dificilmente é sentido pela população.
Os sistemas indicaram como epicentro uma área no interior do Amazonas, perto da divisa com o Acre. O abalo sísmico teve 6,6 pontos de magnitude.
Os tremores ocorrem ali porque a região está próxima da Cordilheira dos Andes, uma das zonas com maior atividade sísmica do planeta. Nas últimas cinco décadas, houve quase cem abalos em um raio de 250 quilômetros de Tarauacá (AC), segundo o Serviço Geológico americano. Nenhum deles, porém, teve consequências severas.

A escala Richter, criada na década de 1930 para medir terremotos, cresce de forma logarítimica, de modo que cada ponto de aumento significa um aumento 10 vezes maior. A magnitude está ligada à quantidade de energia liberada pelo abalo sísmico.
Segundo o Serviço Geológico Brasileiro, se um terremoto atingir magnitude 9 na Escala Richter, causaria uma rachadura que cortará a crosta terrestre numa distância igual à que separa o Rio de São Paulo, com cada bloco se afastando 10 metros em relação ao outro. Em 90% dos casos, diz o órgão, a magnitude não passa de 7 graus.