Al Pacino será pai aos 83 anos: entenda os cuidados e riscos da paternidade tardia

Segundo especialistas, assim como as mulheres, os homens também devem ter cuidados ao terem filhos tardiamente; há risco de má formação do feto, aborto, entre outros

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Por Giovanna Castro

A notícia de que o ator e cineasta norte-americano Al Pacino será pai aos 83 anos chamou a atenção esta semana. Assim como as mulheres, os homens também têm se tornado pais cada vez mais velhos. Eles, em idades ainda mais avançadas, como é o caso de Al Pacino e do ator Robert de Niro, que relevou recentemente que se tornou pai pela terceira vez aos 79 anos.

A notícia de que o ator e cineasta norte-americano Al Pacino será pai aos 83 anos chamou a atenção esta semana Foto: Richard Shotwell/Invision/AP

Em relação às mulheres, sabe-se que as chances de engravidar são raras acima dos 40 anos e que os riscos são vários. Mas e em relação à paternidade tardia? Existe uma redução da produção de espermatozoide e da taxa de fecundidade? Há risco genético para o bebê?

Assim como a maternidade tardia, a paternidade tardia também exige cuidados, afirmam médicos. Foto: Pexels

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Segundo o urologista Daniel Zylberstein, do Departamento de Saúde Sexual e Reprodutiva da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo, assim como as mulheres, os homens também perdem o seu potencial de fertilidade a partir dos 45 anos.

A diferença, no entanto, é que enquanto as mulheres se tornam inférteis na menopausa, “o homem continua produzindo espermatozoides até o fim da vida, mas em uma quantidade e qualidade pior”, afirma Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana do Hospital e Maternidade Santa Joana.

Impacto na produção dos espermatozoides

Além da idade em si, Zylberstein aponta que existem outros fatores que interferem na fertilidade, como o tabagismo e a obesidade, que também são potencializados com o tempo. Isso significa que se o homem tem 45 anos e fuma desde os 20, a sua produção de espermatozoides tende a ser afetada tanto pela idade, quanto pelo longo período em que está exposto aos danos causados pelo cigarro.

“A produção dos espermatozoides é impactada por esses fatores. Existe o que a gente chama de estresse oxidativo, que é a produção de radicais livres de oxigênio no testículo, levando à morte das células que produzem espermatozoides”, diz o médico. “Pode haver quebra de material genético e essas deficiências podem não ser repostas pelo óvulo da mulher, gerando risco de anomalias genéticas na criança”, afirma.

Espermatozoides carregam o material genético masculino e podem ter uma queda em sua produção e qualidade ao passo em que o homem envelhece. Foto: Freepik

Mas apesar de haverem riscos, eles são relativamente menores do que quando a mãe é quem tem acima de 40 anos e não possui hábitos saudáveis, diz Caldeira. Afinal, por toda a vida, o homem produz novos espermatozoides a cada 85 dias e por isso eles não envelhecem. Já os óvulos nascem com a mulher, envelhecem com ela e acabam na menopausa.

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Na andropausa, que acontece nos homens geralmente a partir dos 50 ou 60 anos, há uma queda de testosterona, o que “pode levar a uma queda na quantidade e na qualidade dos espermatozoides, mas não acaba com eles”, diz o médico.

Em adicional, é o corpo da mãe quem vai carregar e nutrir o feto durante a gestação. Portanto, quanto mais saudável ela for, maiores são as chances do bebê se desenvolver bem.

Quais são os riscos da paternidade tardia?

Segundo os médicos escutados pela reportagem e pesquisas recentes, a paternidade tardia pode aumentar os riscos de um filho com:

  • Esquizofrenia;
  • Autismo;
  • Transtorno bipolar;
  • Déficit de atenção;
  • Hiperatividade;
  • Formações congênitas, como lábio leporino, ou fenda labial;
  • Anormalidades genéticas e/ou cromossômicas, como Síndrome de Down.

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Há ainda um risco maior de abortamentos, prematuridade, afirma Zylberstein. “Por isso, é importante que, além das mulheres, os homens que querem ter filhos tardiamente também façam um acompanhamento médico. Existem exames em que conseguimos analisar a qualidade do esperma e tratamentos que podem corrigir eventuais problemas”, diz.

Que cuidados os homens que querem ter filhos depois dos 45 anos devem ter?

“O homem tem que ter uma vida saudável, não fumar, nem beber, para evitar a oxidação dos espermatozoides. Se ele tiver uma qualidade de vida boa, não deve ter muitos problemas na fecundação mesmo depois dos 50 anos, principalmente via inseminação artificial”, diz Caldeira.

Frequentar um médico regularmente e realizar check-ups também é essencial, como disse Zylberstein. Segundo o médico, existem exames capazes de avaliar a qualidade seminal, como o espermograma. A partir disso, é possível fazer tratamentos para melhorar as chances de fecundação e diminuir os riscos ao bebê.

Entre os tratamentos, estão desde vitaminas, até mudanças nos hábitos de vida. Em alguns casos, o médico pode recomendar a fertilização in vitro.

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