Caramujos aparecem com mais frequência em períodos chuvosos; veja riscos e orientações

Proliferação dos animais preocupa por causa da possibilidade de transmissão de doenças, como meningite

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Por Gabriel Damasceno

Com a chegada do período chuvoso, os caramujos africanos, chamados cientificamente de Achatina Fulica, tendem a ficar em maior evidência nas ruas e nos quintais. Uma das razões para isso é a maior oferta de alimentos. “Os caramujos são animais herbívoros, se alimentam de folhas, frutas e caules. Então, nessa época, há uma maior disponibilidade de alimentos, além de mais lugares para eles se esconderem”, explica Andrea Paula Bruno von Zuben, professora de epidemiologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

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Mas os especialistas alertam que os animais podem transmitir doenças à população, como um tipo de meningite. Por isso, é preciso seguir certas orientações para evitar os riscos.

Os caramujos africanos chegaram ao Brasil ainda na década de 1980. Eles são animais exóticos, ou seja, não são nativos do país. “Eles foram introduzidos para criação comestível, como um escargot, mas isso acabou não acontecendo e houve desequilíbrio ecológico. Em épocas de calor e chuva intensa, a atividade deles aumenta, a reprodução se intensifica e eles aparecem em maior número”, detalha a professora.

Caramujos africanos tendem a aparecer mais durante períodos chuvosos, e representam riscos à população. Foto: Hilda Weges/Adobe Stock

Riscos e orientações

Os caramujos podem ser hospedeiros de vermes capazes de causar cólicas e diarreia e angiostrongilíase abdominal, uma inflamação intestinal aguda. Outro perigo é a meningite eosinofílica. De acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), assim como outras formas de meningite, a infecção provoca inflamação das meninges, membranas que envolvem o sistema nervoso central, incluindo o cérebro e a medula espinhal.

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Alguns sintomas típicos de meningite, como a rigidez da nuca e a febre, são mais raras na doença transmitida por caramujos. O seu sintoma mais comum é a dor de cabeça forte e frequente. Além disso, os pacientes apresentam distúrbios visuais, enjoo, vômito e sensação de formigamento ou dormência. Na maioria dos casos, a pessoa se cura espontaneamente.

Mesmo assim, o acompanhamento médico é importante porque alguns indivíduos desenvolvem quadros graves, que podem levar à morte.

Os problemas podem ocorrer quando as pessoas ingerem um caramujo infectado ou o muco liberado por ele. “A gente orienta também a ter cuidado ao manipular e, principalmente, na hora de se alimentar de hortaliças e verduras”, destaca Marcela do Prado Coelho, coordenadora da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) de Campinas.

De acordo com ela, o principal método de controle dos animais é a “catação”, que pode ser feito pela própria população. “Como o próprio nome diz, é literalmente catar. Você coloca uma luva para se proteger, pega o caramujo e o coloca em um recipiente. Muita gente fala para jogar sal, mas a gente não indica, pois pode contaminar o solo. É melhor jogar água fervendo”.

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“A gente também indica fazer isso logo pela manhã ou depois de chuvas. Quando eles já estiverem mortos, é preciso quebrar a casca, para não se tornarem recipientes de proliferação de mosquitos, e enterrar. Não precisa jogar pesticida, nada disso. Isso só vai contaminar o solo”, reforça.

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