A partir da tarde de quarta-feira, 26, uma onda de e-mails foi enviada pelo Departamento de Estado em Washington para todo o mundo, chegando às caixas de entrada de campos de refugiados, clínicas de tuberculose, projetos de vacinação contra poliomielite e milhares de outros projetos que recebiam financiamento crucial para trabalhos que salvam vidas.
“Este financiamento está sendo encerrado por conveniência e interesse do governo dos EUA”, começavam as mensagens.

As notas sucintas encerraram o financiamento de cerca de 5,8 mil projetos apoiados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Elas também indicaram que o tumultuado período de congelamento de projetos para uma suposta revisão pela administração Trump havia terminado, e que qualquer esperança de que a assistência americana pudesse continuar havia acabado.
Muitos desses projetos haviam recebido uma isenção do congelamento porque, anteriormente, o Departamento de Estado identificara seu trabalho como essencial para salvar de vidas.
“Pessoas vão morrer”, diz Catherine Kyobutungi, diretora executiva do Centro de Pesquisa em População e Saúde da África, “mas nós nunca saberemos porque até os programas para contar os mortos foram cortados.”
Os projetos encerrados incluem programas de tratamento de HIV que atendiam milhões de pessoas, os principais programas de controle da malária nos países africanos mais afetados pela doença e esforços globais para erradicar a poliomielite.
Aqui estão alguns dos projetos que o The New York Times confirmou que foram cancelados:
- Um subsídio de US$ 131 milhões para o programa de imunização contra a poliomielite do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), que financiava o planejamento, logística e entrega de vacinas para milhões de crianças.
- Um contrato de US$ 90 milhões com a empresa Chemonics para redes contra mosquitos, testes de malária e tratamentos que protegeriam 53 milhões de pessoas.
- Um projeto gerido pela FHI 360 que apoiava o trabalho de agentes comunitários de saúde de ir de porta em porta em busca de crianças desnutridas no Iêmen. Recentemente, foi identificado que 1 em cada 5 crianças estava gravemente abaixo do peso por causa da guerra civil no País.
- Todos os custos operacionais e 10% do orçamento de medicamentos da Global Drug Facility, principal canal de fornecimento de medicamentos para tuberculose da Organização Mundial da Saúde, que no ano passado forneceu tratamento para tuberculose a quase 3 milhões de pessoas, incluindo 300 mil crianças.
- Projetos de cuidados e tratamento do HIV geridos pela Elizabeth Glaser Pediatric AIDS Foundation que forneciam medicamentos vitais para 350 mil pessoas no Lesoto, Tanzânia e Essuatíni, incluindo 10 mil crianças e 10 mil mulheres grávidas que estavam recebendo atendimento para que não transmitissem o vírus para seus bebês no nascimento.
- Um projeto em Uganda para rastrear contatos de pessoas com Ebola, conduzir ações de vigilância e enterrar vítimas do vírus.
- Um contrato para gerenciar e distribuir US$ 34 milhões em suprimentos médicos no Quênia, incluindo 2,5 milhões de tratamentos mensais para HIV, 750 mil testes de HIV, 500 mil tratamentos para malária, 6,5 milhões de testes de malária e 315 mil redes contra mosquitos.
- Oitenta e sete abrigos que cuidavam de 33 mil mulheres vítimas de estupro e violência doméstica na África do Sul.
- Um projeto no Congo que opera a única fonte de água para 250 mil pessoas em campos para deslocados internos localizados no centro do conflito no leste do País.
- Serviços de saúde pré e pós-natal para 3,9 milhões de crianças e 5,7 milhões de mulheres no Nepal.
- Um projeto gerido pela Helen Keller Intl em seis países da África Ocidental que, no ano passado, forneceu a mais de 35 milhões de pessoas medicamentos para prevenir e tratar doenças tropicais negligenciadas, como tracoma, filariose linfática, esquistossomose e oncocercose.
- Um projeto na Nigéria que fornecia a 5,6 milhões de crianças e 1,7 milhão de mulheres tratamento para desnutrição grave e aguda. O término da iniciativa significa que 77 unidades de saúde pararam completamente de tratar crianças com desnutrição aguda grave, colocando 60 mil meninos e meninas menores de 5 anos em risco imediato de morte.
- Um projeto no Sudão que gerencia as únicas clínicas de saúde operacionais em uma das maiores áreas da região de Cordofão, cortando todos os serviços de saúde.
- Um projeto que atendia mais de 144 mil pessoas em Bangladesh, fornecendo alimentos para mulheres grávidas desnutridas e vitamina A para crianças.
- Um programa gerido pela agência de ajuda PATH, chamado REACH Malaria, que protegia mais de 20 milhões de pessoas da doença. Ele fornecia medicamentos contra malária para crianças no início da estação chuvosa em 10 países da África.
- Um projeto gerido pela Plan International que fornecia medicamentos e outros suprimentos médicos, cuidados de saúde, tratamento para desnutrição, e água e saneamento para 115 mil deslocados ou afetados pelo conflito no norte da Etiópia.
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- Mais de US$ 80 milhões para a UNAIDS, a agência das Nações Unidas, que financiava ações para ajudar os países a melhorar o tratamento do HIV, incluindo coleta de dados e programas de monitoramento da prestação de serviços.
- O programa da Iniciativa Presidencial de Combate à Malária, chamado Evolve, que fazia o controle de mosquitos em 21 países por métodos como pulverização de inseticida nas casas (protegendo 12,5 milhões de pessoas no ano passado) e tratamento de criadouros para matar larvas.
- Um projeto que fornecia tratamento para HIV e tuberculose para 46 mil pessoas em Uganda, gerido pela Baylor College of Medicine Children’s Foundation, Uganda.
- Smart4TB, o principal consórcio de pesquisa que trabalhava na prevenção, diagnóstico e tratamento da tuberculose.
- As Pesquisas Demográficas e de Saúde, um projeto de coleta de dados em 90 países que era crucial e, algumas vezes, a única fonte de informação sobre saúde materna e infantil, mortalidade, nutrição, saúde reprodutiva e infecções por HIV, entre muitos outros indicadores de saúde. O projeto também servia de base para orçamentos e planejamento.
Este texto foi originalmente publicado no The New York Times. Ele foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.