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Claudia Ohana e nosofobia: Entenda o que é o transtorno que afeta a atriz

Indivíduos que têm quadros de ansiedade ou contato com temas ligados a doenças, como profissionais da saúde, estão mais propensos a desenvolver o problema

Foto do author Renata Okumura
Por Renata Okumura

A nosofobia é um transtorno de ansiedade em que existe um medo grande de adquirir uma doença específica no futuro. Geralmente, pessoas que são mais ansiosas ou têm algum outro transtorno de ansiedade são mais suscetíveis a desenvolver essa condição clínica, assim como indivíduos que têm contato com temas ligados a doenças, como é o caso de profissionais de saúde.

Em entrevista a revista Quem, a atriz Claudia Ohana, de 60 anos, que está no ar na novela Vai na Fé, da Rede Globo, revelou que sofre do transtorno. Ela ainda disse que sente pavor de ficar doente desde criança. Em um dos momentos de crise, estava com o nariz sangrando e o medo a fez pensar que estava com um tumor cerebral. Ela também afirmou que evita buscar informações sobre doenças, sendo assim, não navega no Google e não lê bulas de medicamentos.

O que é nosofobia?

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É um tipo de fobia específica. Um transtorno de ansiedade em que existe um medo muito grande de adquirir uma doença específica.

“Se a pessoa ainda não tem o diagnóstico, ela tem o medo de vir a ter. Geralmente, a pessoa lê qualquer sinal no corpo ou sintoma como evidência de que terá aquela doença específica: enfarte, câncer, tuberculose ou pneumonia, seja doença que for. As doenças variam de acordo com as crenças do indivíduo”, afirma Nina Ferreira, médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia.

Segundo a especialista, pode que o mesmo indivíduo mude o foco do medo: receio de ter enfarte, depois muda para câncer. “Fobia é o medo excessivo que faz a pessoa sofrer. Para ser considerado nosofobia, os sintomas ligados ao medo de ter uma doença precisam ser bem intensos e persistentes.”

Em entrevista a revista Quem, a atriz Claudia Ohana, de 60 anos, que está no ar na novela Vai na Fé, da Rede Globo, revelou que sofre de nosofobia. Foto: Reprodução/Instagram/@ohanareal

Quem é mais acometido pelo transtorno?

Pessoas que já são mais ansiosas ou que tenham outro transtorno de ansiedade são mais suscetíveis a desenvolver a nosofobia.

“Indivíduos que têm mais contato com temas ligados a doenças como profissionais da saúde, médicos, enfermeiros, fisioterapeuta. Ou pessoas que passaram por problemas de saúde individuais ou familiares também estão mais propensos a terem preocupação com o adoecimento”, acrescenta Nina.

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Há números sobre diagnósticos no Brasil?

No Brasil, por não ser formalmente classifica no DSM, o livro de referência de diagnóstico em transtorno mental psiquiátrico, não há números sobre quantas pessoas são acometidas pelo transtorno, segundo a médica psiquiatra. É um pouco mais estudada nos Estados Unidos, onde há centros que avaliam mais especificamente a nosofobia.

Quais são as causas?

As causas são multifatoriais. “O primeiro ponto é ter pré-disposição genética para ter a ansiedade elevada. Sem ter essa suscetibilidade genética, dificilmente a pessoa desenvolve a nosofobia. O segundo ponto de interferência está ligado com experiências prévias com doenças com ela própria ou pessoas próximas”, afirma Nina.

Segundo a médica, muitas vezes a pessoa alimenta ainda mais a preocupação, pesquisando na internet e pensando no assunto. Então, o que antes era só um receio começa a crescer e virar algo patológico e persistente.

E os sintomas?

“O medo de contrair uma doença específica no futuro. Em geral, a pessoa pensa em uma doença específica. A partir dele, a pessoa pode desenvolver outros sintomas, como ficar sempre tensa, angustiada e apresentar sintomas físicos, como taquicardia e falta de ar quando pensa no risco de ter a doença. Sempre ficar pesquisando sobre a doença pela internet ou com médicos. Consultando os médicos se tem o risco de ter a doença”, afirma a psiquiatra.

Como é o diagnóstico?

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O diagnóstico é clínico, feito por meio de avaliação do profissional de saúde mental, do médico psiquiátrico ou do psicólogo. Para saber se é de fato nosofobia, somente após consulta com profissional de saúde, pois pode ser confundido com outras patologias.

Como é o tratamento?

O protocolo inicial para tratamento envolve a psicoterapia. A que mais tem evidência é a terapia cognitiva comportamental, conforme a psiquiatra. Agora, quando os sinais e sintomas de ansiedade estão muito intensos e prejudicam o paciente, é necessário associar medicamentos para a ansiedade patológica. “Não é que existem medicamentos específicos para nosofobia. São medicações para a ansiedade patológica”, diz Nina.

Há cura?

Segundo a especialista, não é possível falar em cura, pois é um padrão de pensamento, de sentimento e de comportamento. “A gente fala em remissão completa. Os sinais e sintomas podem desaparecer naquele momento, mas sempre existe o risco de retornarem. Desta forma, a psicoterapia ajudará o indivíduo a treinar a vigilância constante, essa mudança de pensamento e de comportamento, diminuindo os riscos de a doença retornar”, acrescenta.

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