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Novas diretrizes americanas para câncer de reto têm participação e método de Angelita Gama

Documento também contou com o trabalho do cirurgião Rodrigo Perez; é a 1ª vez que médicos latino-americanos contribuem com as orientações

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Por Bárbara Giovani

Pela primeira vez, as diretrizes da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês) para tratamento de câncer de reto avançado têm contribuições de médicos latino-americanos — e eles são brasileiros.

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Os cirurgiões Angelita Gama e Rodrigo de Oliva Perez integraram o grupo que atualizou as recomendações da entidade, que acrescentou o método “Wait and Watch”, idealizado por Angelita na década de 1990, às suas diretrizes.

“Vemos isso como uma forma de reconhecimento. Tem várias coisas nessas diretrizes que claramente foram graças à nossa participação”, afirmou Perez. Especialistas em cirurgia de intestino, ele e Angelita fazem parte do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

Angelita Gama no centro cirúrgico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; método da cirurgiã integra as novas diretrizes da Asco Foto: HELVIO ROMERO

Ao Estadão, Perez contou que o processo durou mais de um ano, entre reuniões virtuais e revisão detalhada de literatura científica da área, que embasam as novas orientações. Ao todo, o painel contou com 18 especialistas, a maioria dos Estados Unidos. Os resultados foram publicados no início de agosto no Journal of Clinical Oncology.

Ele também apontou o orgulho e a responsabilidade de contribuir para um documento que é tido como referência na área de oncologia em âmbito mundial. “Tem gente lendo essas diretrizes na Índia, na China, no Japão, na Austrália. O alcance disso é algo incrível, para nós é motivo de muita satisfação poder oferecer uma informação de relevância.”

Novas diretrizes

Uma das mais reconhecidas especialistas em cirurgia do intestino, Angelita foi quem idealizou e propôs o método chamado “Wait and Watch”, que significa “Esperar e Observar”.

Até então, o tratamento recomendado para o câncer de reto era padronizado e realizado com radioterapia, quimioterapia e cirurgia. “A equação tinha esses três componentes de maneira inevitável”, disse Perez.

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No processo, tanto a radio quanto a quimioterapia eram feitas no período pré-operatório. Percebeu-se, então, que em uma parcela significativa de casos, elas eram suficientes. No entanto, isso só era confirmado no momento da cirurgia. Quem notou e questionou a necessidade dos procedimentos foi Angelita, que propôs o método de observação e espera.

“No começo, isso foi visto como um absurdo. Como é que alguém estava desafiando um dos componentes dessa equação que era tido como indispensável para cura desses pacientes?”, contou Perez. “Com o tempo, outras instituições foram reproduzindo os resultados que tínhamos aqui no Brasil e, pouco a pouco, essa alternativa passou a ser considerada como viável e bastante razoável”, acrescentou o cirurgião.

Outra atualização importante do documento da Asco foi a inclusão de uma diretriz sobre a individualização do tratamento conforme a avaliação inicial com ressonância magnética dedicada ao câncer de reto. Segundo Perez, tal exame é diferente de um exame de imagem da pelve, por exemplo. “O exame precisa ser desenhado e direcionado para essa finalidade”, defendeu.

Dessa forma, ele pode fornecer detalhes do tumor que são essenciais para que o médico escolha o tratamento mais assertivo para cada paciente. “Não usamos uma receita única para todo mundo”, ressaltou. Antes da nova orientação, a abordagem terapêutica era generalizada e não estava clara a importância da ressonância detalhada.

As novas diretrizes também trazem a imunoterapia como uma alternativa para casos de câncer de reto em que o tumor é considerado instável, que correspondem a 5% do total de registros da doença.

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