Positividade para covid-19 aumenta a poucos dias do carnaval, indica levantamento

O destaque fica para o Distrito Federal, com uma positividade de 30% nos testes, seguido pelo Paraná, com 27%

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Por Gabriel Damasceno
Atualização:

A poucos dias do carnaval, a positividade para o vírus Sars-CoV-2, causador da covid-19, subiu sete pontos percentuais em um mês. O número saltou de 17,1% para 24,1% entre os dias 25 de janeiro e 15 de fevereiro, o que representa o maior registro do ano até o momento. As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e foram baseadas nos dados de diagnósticos moleculares conduzidos pelos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target.

O destaque fica para o Distrito Federal, com uma positividade de 30% dos testes, seguido pelo Paraná, com 27%. O Estado de São Paulo aparece em terceiro lugar, com 24%. Em relação às faixas etárias, o público entre 50 e 59 anos é o mais afetado (30%).

Positividade dos testes de covid atinge maior índice desde o início do ano, mostra levantamento. Foto: Matias Delacroix/ AP

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“O aumento sempre é guiado pela introdução de uma nova variante. O vírus ainda está circulando mundo afora e continua evoluindo enquanto infecta pessoas”, destaca Anderson Brito, virologista e coordenador científico do ITpS. “As novas variantes acabam tendo uma capacidade maior de transmissão ou de escaparem de nossas defesas. Com isso, se disseminam mais facilmente”.

“Esse crescimento da positividade se deve justamente a isso. Desde o fim do ano passado, uma nova variante vem sendo detectada no Brasil, da linhagem LP.8.1. É uma variante que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera digna de monitoramento, embora o risco em nível global seja baixo”, acrescenta.

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As vacinas, segundo o virologista, são eficazes contra a nova variante. “As orientações continuam as mesmas e os grupos de risco — idosos, gestantes e indivíduos imunocomprometidos — devem tomar as doses de reforço”, destaca Brito.

Influenza A e VSR

O aumento da positividade não aconteceu apenas para o coronavírus. No caso do influenza A, que causa gripe, os testes positivos no começo do ano giravam em torno de 6% e, agora, ultrapassaram os 10%. Também chama a atenção o crescimento da positividade dos registros de vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças pequenas. O percentual foi inferior a 3% até o dia 25 de janeiro, mas subiu para quase 8% nas semanas seguintes.

Segundo o virologista, isso tem a ver com uma mudança na sazonalidade da transmissão. Até 2019, o aumento de casos de influenza e VSR costumava acontecer durante o inverno. Mas, por causa do isolamento social necessário para conter a covid-19, o ciclo sazonal desses outros vírus acabou alterado. “Hoje, a gente observa surtos no verão, na primavera ou no outono”, destaca.

“É como se estivessem dessincronizados. Antes, era algo previsível, e agora não é mais. Isso faz com que a gente tenha um olhar quase em tempo real da transmissão, já que esses vírus podem aumentar em momentos que, antes, a gente não esperava”, adiciona.

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Carnaval, aglomeração e coronavírus

O período de carnaval é marcado por festas e aglomerações, o que pode facilitar ainda mais a disseminação do Sars-CoV-2, que é aérea. “Mas depende das pessoas infectadas estarem presentes naquele meio”, pondera Igor Thiago Queiroz, infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

“Caso a pessoa tenha sintomas, ela não deve ir para aglomerações. É necessário utilizar máscara e lavar as mãos. Também não deve compartilhar objetos que possam ser colocados nas mãos, no nariz, nos olhos ou na boca. São medidas preventivas”, orienta.

Tanto Queiroz quanto Brito acreditam que o feriado tende a aumentar ainda mais a positividade para os vírus respiratórios, mas isso não necessariamente significa uma emergência. No caso do coronavírus, devido à vacinação, “está causando quadros muito leves. Cerca de 80% dos casos apresentam poucos sintomas. Os grupos de risco continuam sendo internados e até morrendo, mas em taxas bem menores do que na época da pandemia”, cita o infectologista.

Brito ainda destaca que a mensagem geral é: “Pessoas do grupo de risco que ainda não estão com a vacinação em dia, devem atualizar a carteirinha. E indivíduos sintomáticos devem evitar contato com o grupo de risco”.

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