São 6h15 da manhã e você está a cinco minutos de sua primeira corrida em semanas. A temperatura está perfeita e o sol está apenas surgindo, transformando o céu em uma obra-prima de vitral.
Então, você sente um incômodo no joelho ao subir um meio-fio. Houve um estalo? Está doendo um pouco, mas não muito. Talvez você só esteja enferrujado — ou talvez seja o começo de uma lesão no menisco. Você deve continuar ou seu treino acabou?
No mundo ideal, você poderia consultar um médico imediatamente toda vez que sentisse dor durante o exercício. Mas, na vida real, é preciso tomar decisões. Na maioria das vezes, dá para ignorar ou continuar. Mas, em outros casos, há risco de uma lesão séria.

A percepção da dor varia para cada pessoa, e os médicos evitam fazer declarações generalizadas que possam levar alguém a agravar uma lesão. Mas as escolhas que você faz no momento — ou no dia seguinte — podem ser a diferença entre um incômodo passageiro e um problema persistente, informa Beth Darnall, especialista em psicologia da dor da Universidade de Stanford e ex-ultramaratonista.
“Pode não ter sido nada demais, mas, de repente, criamos um problema porque forçamos mais 8 km”, exemplifica.
Por isso, consultamos alguns especialistas em dor e movimento para obter dicas sobre o que observar da próxima vez que seu ombro começar a reclamar na academia.
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Como identificar uma dor preocupante durante o treino
Seja em um jogo casual ou em uma maratona, há alguns sinais importantes a considerar quando você sente dor durante o exercício.
- Houve um som? Se uma dor repentina vier acompanhada de um estalo ou estalido, provavelmente é hora de parar, alerta Mallory Fox, especialista em movimento de Scottsdale, Arizona. Nem todo som significa um ligamento ou tendão rompido, mas não vale arriscar.
- A articulação está instável ou bamba? As articulações merecem atenção especial porque têm mais tecidos moles que podem causar problemas persistentes. Se uma articulação não suporta seu peso ou parece ceder, é um forte indício de que algo está errado.
- Houve inchaço? Se você notar um grande inchaço em cerca de 10 minutos, isso geralmente indica uma lesão mais séria, afirma Conor O’Donovan, fisioterapeuta do hospital de reabilitação Shirley Ryan AbilityLab, em Chicago.
- A dor está alterando seus movimentos? Sua passada mudou ou você está favorecendo um lado? Mesmo mudanças sutis podem ser um sinal de que é hora de parar, comenta Beth. Se não tiver certeza, peça para um amigo observar seus movimentos e identificar alterações.
- Seu movimento está limitado? Um joelho saudável, por exemplo, deve dobrar cerca de 160 graus, descreve O’Donovan, mas uma lesão no menisco pode impedir esse movimento, causando um travamento ou parando por volta dos 90 graus.
- Qual a intensidade e o tipo de dor? De modo geral, lesões mais sérias tendem a causar dores agudas ou latejantes, enquanto um desconforto leve é mais provável que seja apenas fadiga muscular, afirma Mallory. No entanto, a intensidade da dor costuma ser um indicador mais confiável do que seu tipo, acrescenta O’Donovan.
Acompanhe a evolução da dor
Nenhuma dessas regras é absoluta, ponderam os especialistas. Às vezes, a melhor abordagem é esperar e observar como a dor evolui. Parece óbvio, mas a dor deve diminuir com o tempo.
Mallory sugere monitorar a dor no dia seguinte ao treino e depois diariamente por uma semana, registrando a intensidade em uma escala de um a 10. Observe a mesma lista de sinais — inchaço, perda de movimento — e perceba se eles mudam ou se deslocam. Se a dor se mover ou não melhorar com o tratamento adequado, pode ser hora de procurar um fisioterapeuta ou até um médico.
“Sentir dor no pé logo após o exercício é uma coisa”, diz Mallory. “Mas ter essa dor persistente por cinco dias, sem melhora, é um sinal de alerta.”
Dito isso, a dor muscular, especialmente após um novo tipo de exercício, pode aparecer até um dia depois e durar uma semana. Esse tipo de dor tardia pode piorar por alguns dias, mas não deve ser aguda, não deve causar inchaço nem limitar seus movimentos.
Mas até os especialistas às vezes interpretam os sinais de forma errada. O’Donovan ignorou uma dor persistente nas costas após um jogo de futebol, mesmo quando ela piorou e suas pernas começaram a inchar. No fim, descobriu que tinha coágulos sanguíneos perigosos e precisou passar cinco dias na UTI.
“Eu não interpretei corretamente os sinais da dor e ignorei”, conta ele. A lição? “Se a dor está piorando progressivamente, algo está errado.”
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Dor crônica pode mudar as regras
Se você tem dor persistente, alguns conselhos podem ser diferentes, e é importante respeitar seus próprios limites. Antes de se exercitar, estabeleça metas e limites, recomenda Beth. Seja para correr 5 km ou brincar com os filhos, planeje os intervalos de descanso e cumpra-os, mesmo se estiver se sentindo bem.
Se você já sente dor crônica, a maioria dos especialistas não recomenda “forçar” sem a orientação de um profissional de saúde. Em vez disso, avance devagar — começando com baixa intensidade e aumentando gradualmente — e monitore regularmente mudanças na qualidade ou localização da dor. Um sinal de que você exagerou é o que Beth chama de “ressaca da dor”, que pode dificultar o sono à noite e causar cansaço ou limitação de movimento no dia seguinte.
Mas isso não significa que você deva evitar os exercícios. Algo que os especialistas sabem com certeza, frisa Beth, é que qualquer tipo de movimento regular é benéfico para todos e que o exercício pode ser um excelente tratamento para a dor.
“Ele reduz o estresse, melhora o sono e o humor”, afirma. “Você não quer fazer demais, mas também não quer parar completamente.”
O’Donovan, que também trabalha com pacientes que sofrem de dor crônica, concorda. “O seu corpo foi feito para se movimentar”, resume ele. “Movimentar-se é saudável. E um pequeno aumento da dor pode ser aceitável.”
Este texto foi originalmente publicado no The New York Times. Ele foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.