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'Tem gente morrendo no canto do hospital, como se estivesse morrendo afogado', diz Bolsonaro

Presidente usou a transmissão ao vivo desta quinta-feira para lançar dúvidas sobre os imunizantes prestes a ter o uso emergencial autorizado no País

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Foto do author Vinícius Valfré

BRASÍLIA - A seis dias para o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro usou a transmissão ao vivo desta quinta-feira, 14, para lançar dúvidas sobre os imunizantes prestes a ter o uso emergencial autorizado no País. Ao lado do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, Bolsonaro insistiu em tratamentos com cloroquina, sem comprovação científica, para combater a doença e ainda “terceirizou” o anúncio das providências para a crise em Manaus (AM).

O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia dos 160 anos da Caixa Econômica Federal Foto: Gabriela Biló/Estadão

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O presidente elogiou Pazuello. “Tem gente que está morrendo no canto do hospital, como se estivesse morrendo afogado. Imediatamente, as coisas são resolvidas”, afirmou Bolsonaro, numa referência à ação do ministro. A live do presidente durou uma hora e dez minutos e foi repleta de recomendações opostas àquelas reiteradas por autoridades mundiais de saúde.

Durante a transmissão pelas redes sociais, Pazuello chegou a duvidar da eficácia do uso de máscaras e do isolamento social, mas sugeriu que o trabalho, a alimentação e "estar de bem com a vida" aumentam a "imunidade" contra a doença.

Também defensor da cloroquina, o ministro foi contaminado pelo novo coronavírus e chegou a ser hospitalizado, em novembro, no Hospital das Forças Armadas. O apuro no leito de hospital não costuma ser mencionado por ele em seus pronunciamentos. Apesar de propagar o uso ampliado do remédio, Bolsonaro usou a mesma crítica de especialistas à cloroquina para pôr em xeque a segurança das vacinas preparadas, inclusive, por cientistas brasileiros.

“Ninguém vai ser obrigado a tomar vacina. Não quer tomar, não tome. É um direito seu. Afinal de contas, é algo emergencial, não temos comprovação. Se fosse um remédio que não fizesse mal, comprovadamente não tivesse efeito colateral, nem assim eu ia obrigar a tomar. Quem dirá algo emergencial, que não é devidamente comprovado”, disse o presidente.

Bolsonaro não manifestou solidariedade às vítimas da covid no Amazonas. Ele só introduziu o assunto após 20 minutos de conversa com o ministro sobre outros temas. “Você chegou de Manaus agora. Está complicada a situação lá. Fala para a gente a situação”, disse o presidente, dirigindo-se ao ministro. Coube a Pazuello relatar as providências adotadas, como o deslocamento de efetivos militares por água, terra e ar com equipamentos.

Ao fim da live semanal, Bolsonaro voltou ao tema para tecer elogios ao titular da Saúde. “Com todo o respeito a muita gente no Brasil, mas dificilmente tem alguém melhor que o Pazuello como gestor dentro do Ministério da Saúde. Segunda-feira ele estava cedo em Manaus. Não tem hora para ele. Ele vai lá e resolve o assunto. Entra em contato com a Força Aérea, com o nosso ministro da Defesa (e diz): ‘Precisamos de tantas aeronaves para levar oxigênio para Manaus’”, afirmou.

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Bolsonaro também defendeu a retomada das aulas presenciais nas escolas ao dizer que o número de mortes nas faixas etárias mais baixas é pequeno. “Uma prova de que os jovens poderiam estar estudando, sem problema nenhum”, avaliou. O presidente não disse, porém, que a circulação de jovens aumenta a propagação do vírus e pode representar ameaça para as famílias.

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