Chuva extrema em SP ficou mais comum? Veja o que dizem os números

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia apontam aumento da frequência de fortes temporais; capital paulista registrou precipitação recorde para uma hora. Crise climática torna esse problema cada vez mais comum

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Por Redação
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Na véspera do aniversário de São Paulo, a forte chuva que atingiu a cidade alagou ruas e estações de metrô. O temporal, acompanhado de rajadas de vento e granizo, durou cerca de duas horas e provocou estragos, com desabamentos, estações de metrô alagadas e correntezas que arrastarem veículos pelas ruas, principalmente nas regiões norte e oeste. Tempestades extremas como a de sexta-feira ficaram mais comuns na capital paulista?

Alagamento registrado na Barra Funda, zona oeste da capital paulista Foto: Alex Silva/Estadão

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Pela primeira vez, o alerta de risco severo de chuva e ventania foi disparado pela Defesa Civil para os celulares de todos os moradores. A precipitação na cidade foi de quase metade do volume esperado para todo o mês de janeiro.

Especialistas alertam que, com as mudanças climáticas, serão cada vez mais comuns eventos extremos como tempestades, ondas de calor, queimadas e estiagens severas. O Brasil pode ser um dos países mais afetados. E os dados dos registros meteorológicos já confirmam uma mudança no padrão meteorológico da cidade.

A frequência de chuvas extremas na Grande São Paulo triplicou em uma década, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) detalhados em reportagem do Estadão de 2023. Entre a primeira e a segunda décadas deste século (2001/2010 e 2011/2020), os temporais acima de 100 milímetros passaram de dois para sete dias a cada dez anos. Já a chuvas fortes, acima de 80 mm, aumentaram de 9 para 16 dias. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

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A mudança no padrão de precipitação da região metropolitana fica ainda mais evidente quando se compara a última década com o período inicial da análise do Inmet (1961-1970). O número de dias com chuva acima de 50 mm passou de 37 para 47, enquanto as precipitações acima de 80 mm foram de 3 para 16 dias (13 dias a mais). As tempestades acima dos 100 mm se repetiram 7 vezes no período mais recente. Já nos anos 1960, o cenário era outro: nenhuma ocorrência.

Levantamento feito pelo Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil do Estado, com base nos dados do Inmet, a chuva dessa sexta foi a terceira com maior volume (125,4mm até às 19h10) registrada pela Estação do Mirante de Santana, na nona norte da capital, dede o início da série histórica, iniciada em 1961.

Já os 82 milímetros que caíram entre 15 horas e 16 horas dessa sexta são o maior volume de precipitação já registrado em apenas uma hora, conforme essa mesma série histórica.

Os dez dias com maior volume de chuva da cidade de São Paulo (sete deles registrados nos últimos 20 anos):

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  1. 21 de dezembro de 1988: 151.8mm
  2. 25 de maio de 2005: 140.4mm
  3. 24 de janeiro de 2025: 125.4mm
  4. 05 de julho de 2019: 123.6mm
  5. 10 de fevereiro de 2020: 123.0mm
  6. 02 de fevereiro de 1983: 121.8mm
  7. 16 de janeiro de 2017: 115.0mm
  8. 15 de dezembro de 2012: 114.3mm
  9. 28 de fevereiro de 2011: 109.5mm
  10. 16 de janeiro de 1991: 106.4mm

Diante desse cenário, a cidade deverá apostar em estratégias de adaptação da infraestrutura urbana, como o Estadão tem mostrado na série de reportagens da Era do Clima. Entre as saídas, estão a ampliação da cobertura verde e das áreas de drenagem, de forma a evitar alagamentos e deslizamentos de encosta. Outra demanda é remover os moradores de áreas de risco da cidade - hoje são cerca de 490, conforme as contas da Prefeitura.

Padrão do clima também muda em Porto Alegre e Belém

No Rio Grande do Sul, devastado por uma tempestade recorde em 2023, o padrão pluviométrico também mudou em relação aos anos 1990. Comparando dados do Inmet sobre Porto Alegre da última década (2011/2020) com o período de 1991/2000, nota-se aumento de ocorrências de chuva acima de 50 mm (21 dias a mais), 80 mm (6 dias a mais) e 100 mm (2 dias mais). Ou seja, há mais dias com chuvas mais fortes na capital gaúcha.

A série histórica do Inmet também mostra a alteração dos padrões em Belém, cidade amazônica que vai receber a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) em novembro.

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Na comparação entre as décadas de 1991-2000 e a de 2011-2020, o número de dias com chuva acima de 50 mm passou de 75 para 110. As chuvas acima de 80 mm também se tornaram mais frequentes, passando de 15 para 26 dias. Já as que excedem os 100 mm se mantiveram estáveis (de 8 para 7 dias).

O Pará é o Estado que registrou o maior índice de degradação da Floresta Amazônica, conforme levantamento da ONG Imazon. Esse desgaste da cobertura vegetal é causado, sobretudo, pelas queimadas, que tiveram recorde no ano passado.

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