Terra Yanomami: 2 anos após emergência, como estão o garimpo e a saúde por indígenas?

Dados do governo comparam 1º semestre de 2024 com mesmo período de 2023 apontam queda de óbitos após uma alta no balanço anterior, que havia exposto o fracasso do governo federal na resolução da crise na reserva da Amazônia

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Foto do author Paula Ferreira

BRASÍLIA- O número de mortes no território Yanomami caiu 27% no primeiro semestre de 2024 ante o mesmo período de 2023, segundo dados governo federal divulgados nesta segunda-feira, 20. O balanço aponta que a quantidade de óbitos caiu de 213 para 155, após uma alta que expôs o fracasso do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na solução da crise na maior reserva indígena do País, na Amazônia.

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Em relação ao garimpo, o governo aponta redução de 95,76% no tamanho de novas áreas de garimpo, passando de 1.002 hectares em 2022 para 42 hectares em 2024. A mineração ilegal é uma das principais ameaças à região, na fronteira entre Roraima e a Venezuela.

A atividade contamina os rios com mercúrio e afugenta os animais. Além disso, os homens brancos invasores levam doenças e impedem o funcionamento de postos de saúde para os indígenas.

PF realiza operação de desintrusão de garimpo na Terra Yanomami  Foto: Divulgação PF

A tentativa de solucionar a crise Yanomami foi uma das primeiras medidas de Lula ao assumir o mandato em 2023. Na ocasião, o presidente decretou situação de emergência em saúde e mobilizou ministérios para atuar na crise. Apesar disso, dados divulgados em janeiro de 2024 mostraram que ao longo de um ano, o número de mortes no território havia aumentado.

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O balanço mostrou aumento de 20 mortes (passando de 343 em 2022 para 363 no ano seguinte) e o governo argumentou que os dados de 2022 — ainda sob a gestão Jair Bolsonaro (PL) — não eram confiáveis, já que a maior parte das unidades de saúde indígena estava fechada, impedindo a notificação das mortes.

O aumento desencadeou uma crise no governo, que atingiu principalmente a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Na época, Lula cobrou a ministra publicamente sobre o tema. O Planalto também liberou mais R$ 1 bilhão para intensificar as ações na região.

O Estadão também mostrou, em janeiro de 2024, que um ano após o início das operações do governo para expulsar garimpeiros ilegais do território, os yanomamis sofriam novamente com investidas dos criminosos, violência e malária.

Dados divulgados nesta segunda-feira, cerca de dois anos após o decreto de emergência, mostram a queda nos óbitos sobretudo por desnutrição, com redução de 68% nas mortes por essa causa. Houve diminuição de 53% de óbitos por infecção respiratória e 35% nas mortes por malária. Os dados brutos com o número de óbitos por essas causas não foram divulgados.

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Neste momento, todos os 37 polos-base do território estão em funcionamento, conforme as autoridades. O governo federal afirma que houve incremento de 155% no número de profissionais de saúde atuando no território - hoje são 1.759.

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