Entenda como as mudanças climáticas atrapalham o voo das abelhas e a produção de mel

Insetos não gostam de voar com baixas temperaturas e tempo nublado, o que pode prejudicar a colheita

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Por Redação
Atualização:

O inverno úmido da Califórnia premiou o Estado, este ano, com um exuberante florescimento que cativou turistas e moradores locais. Também poderia ter sido uma ótima notícia para as abelhas. Mas, os agricultores dizem que as baixas temperaturas e o tempo nublado predominantes em parte do Oeste dos Estados Unidos desencorajam os insetos. Se o sol não aparecer em breve, a abundante colheita de mel pela qual aguardavam pode não se concretizar.

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“As abelhas não gostam de voar quando está frio e úmido”, explica o apicultor Jay Weiss, ao levantar a tampa de uma das suas colmeias em Pasadena, na qual se amontoam milhares de insetos.

“Frio e úmido” é relativo, mas com o termômetro em Los Angeles sem passar dos 20ºC na maior parte dos dias, e uma manta de nuvens encobrindo seu famoso céu azul, o clima não parece californiano este ano.

O apicultor Jay Weiss exibe bandeja com abelhas retiradas de uma colmeia durante o processo de produção de mel, em Pasadena. Foto: FREDERIC J. BROWN/AFP

Dias nublados em maio e em junho não são incomuns na Califórnia, mas, em 2023, o clima permaneceu cinzento desde as tempestades que atingiram o Estado durante o inverno.

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Uma série de rios atmosféricos (correntes de umidade a grande altitude) avançou para o Oeste dos Estados Unidos e lançou milhares de litros de água em uma região que havia sido castigada por uma dura seca durante duas décadas. Os reservatórios, que haviam diminuído em níveis alarmantes, encheram e as margens dos rios se expandiram.

As constantes chuvas foram recebidas com alegria pelos operadores dos serviços hídricos, assim como pelos moradores cansados de ver seus gramados secos e das restrições do uso da água.

Mas, as abelhas enfrentaram dificuldades, incapazes de alçar voo com tanta chuva. “Tinham colmeias saudáveis e fortes, mas dois meses depois, as abelhas morriam de fome dentro da colmeia”, comenta Weiss. “Perdi cinco colmeias durante o inverno”.

Apicultores dizem que baixas temperaturas na Califórnia estão afetando o voo das abelhas, o que pode prejudicar a colheita de mel Foto: FREDERIC J. BROWN/AFP

Maio cinza, junho sombrio

Quando a chuva parou em abril, as colinas explodiram em um mar de alaranjado, amarelo, roxo e branco: o tapete colorido era tão imponente que podia ser visto do espaço.

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A abundância deveria ter se convertido em um banquete para as abelhas, uma vasta reserva de néctar e pólen que deveria ter alimentado as colmeias e recompensado os apicultores. Mas, maio foi cinzento e junho começou sombrio.

Joe Sirard, do Serviço Meteorológico Nacional, disse que o céu nublado é normal nessa época do ano. “Estamos nos dois meses mais nublados no sul da Califórnia, o que mantém as temperaturas frias”, disse.

O fenômeno é causado pela água fria do oceano que mantém as temperaturas do ar baixas ao redor da costa, a chamada capa marinha. “Normalmente, as nuvens da capa marinha vêm à noite e se dispersam entre a manhã e a tarde”, ainda que possam permanecer durante todo o dia.

Na próxima semana, deve continuar igual, mas o sol voltará em julho e agosto. É uma boa notícia para as abelhas, que finalmente poderão sair e se deleitar entre todas essas flores.

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Caso o sol saia, Weiss, um ex-mágico profissional que mudou de ramo e abraçou a apicultura há vinte anos, espera colher até 45 quilos de mel em cada uma das suas colmeias. Também irá produzir sabões, hidratantes labiais e pomadas com a cera, tudo impregnado com o delicioso aroma do mel.

O super florescimento pode aumentar significativamente este ano, disse Weiss. Desde que os insetos tenham seu momento: nem muito quente, nem muito frio.

“Quando chegarmos a julho, as temperaturas podem aumentar bastante, o que faria as abelhas deixarem de produzir mel”, aponta o apicultor. “Assim eu diria que temos umas seis semanas para que isso ocorra. Mas, quando começarem a produzir mel, é incrível o quão rápido como tudo acontece”. / AFP

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