A preservação ambiental é um compromisso das empresas que atuam com mineração. Considerando somente as áreas de servidão ambiental e de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), a mineração preserva mais de duas vezes a área ocupada por ela no quadrilátero ferrífero, conforme Thiago Rodrigues Cavalcanti, gerente de Meio Ambiente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais). De acordo com ele, o quadrilátero ferrífero mineiro possui 783,6 mil hectares e a mineração ocupa somente 2,95% deste território. Por outro lado, 539,5 mil hectares do quadrilátero ferrífero são preservados, área equivalente a 68,85% do território.

Para se ter uma ideia, só a Vale protege aproximadamente 1 milhão de hectares de floresta no mundo. A empresa assumiu o compromisso de recuperar e proteger 500 mil hectares até 2030. A conservação ambiental vem aliada com a meta de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa (Net-Zero) até 2050.
“Contamos com diversas iniciativas, com foco em eficiência energética, eletricidade renovável, biocombustíveis e eletrificação, visando diminuir a emissão de CO2 de nossas atividades. Um exemplo recente é o projeto Sol do Cerrado, um dos maiores parques de energia solar do país, que deve começar a operar em Jaíba, no estado de Minas Gerais, até o fim do ano”, explica Malu Paiva, vice-presidente executiva de sustentabilidade da Vale.
São cerca de 1 milhão de hectares de áreas protegidas pelo mundo equivalem a 12vezes a área ocupada pelas operações da mineradora. Desse total, 12 mil hectares referem-se a 12 RPPNs de propriedade da empresa localizadas em Minas Gerais na região do quadrilátero ferrífero. Como reflexo desse trabalho, desenvolvido por meio de uma gestão integrada dos territórios e parcerias, foi possível também garantir a proteção de espécies da fauna e da flora nativas, entre elas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.
Essas reservas desempenham um importante papel para a conservação de remanescentes da Mata Atlântica e do Cerrado e contribuem para a formação de corredores ecológicos e manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais, como o fornecimento de água, a regulação climática e a polinização.
A empresa cita como exemplo a RPPN Mata do Jambreiro, que ocupa uma área de 912 hectares na Mina de Águas Claras, em Nova Lima (MG). A reserva se configura em um bolsão de preservação da Mata Atlântica de alto valor para a conservação na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Localizada na encosta sul da Serra do Curral, a Unidade de Conservação privada é habitat de diversas espécies da fauna e da flora. São 325 espécies vegetais, como o ipê-amarelo, jequitibá-rosa e braúna; 30 espécies de mamíferos, a exemplo do tamanduá-mirim e a lontra; 124 de aves, como o carcará; 38 de anfíbios e dez de répteis. A reserva contribui para a preservação de nascentes de diversos córregos contribuintes do Rio das Velhas, o Jambreiro, o Água Suja, o Cardoso, o Carrapato, além de formação de corredores ecológicos que permitem a continuidade da biodiversidade da grande BH.
Conservação da Amazônia
Além das iniciativas em Minas Gerais, a Vale tem papel fundamental na proteção da Amazônia. Só nos últimos três anos, a companhia investiu mais de R$ 1 bilhão em investimentos voluntários para financiar ações de conservação, pesquisa, desenvolvimento territorial e incentivo à cultura. Há quase 40 anos na região, a empresa ajuda diretamente na proteção deste importante bioma, com uma área de 800 mil hectares, composta por seis Unidades de Conservação, conhecida pelo nome de Mosaico de Carajás, equivalente a 24 vezes a cidade de Belo Horizonte. As operações da companhia ocupam menos de 2% da região para atividades de mineração. No entanto, é responsável por 60% da produção de minério de ferro da Vale.
Alguns dos projetos de desenvolvimento sustentável na Amazônia são viabilizados com aportes do Fundo Vale, criado em 2009 com o propósito de gerar impacto socioambiental positivo e potencializar uma economia mais sustentável, justa e inclusiva. Até hoje, foram mais de R$ 200 milhões aportados, em 90 iniciativas, envolvendo 36 organizações da sociedade civil que atuam em parceria na idealização e execução dos projetos.
O Fundo é responsável pela implementação da Meta Florestal Vale, que prevê recuperar e proteger mais 500 mil hectares de áreas até 2030, para além das fronteiras da empresa, que vão se somar às áreas que a Vale já ajuda a proteger no mundo e totalizam aproximadamente 1 milhão de hectares. Parte desta meta será implementada na Amazônia.
Em parceria com a gestora de venture capital KTPL, o Fundo Vale colaborou na estruturação do Fundo Floresta e Clima, para o financiamento de negócios de impacto positivo, que pretende mobilizar R$ 200 milhões nos próximos cinco anos. A ideia é atrair mais startups com potencial de desenvolver tecnologias que possam dar escala a projetos de recuperação florestal. Um primeiro negócio, que desenvolve suplementos para saúde a partir de bioativos da floresta amazônica (como o urucum e o camu-camu), já recebeu investimento de R$ 8 milhões, inaugurando o Fundo.
Em 2020, fruto de uma parceria entre o Fundo Vale, a Microsoft e o Imazon – Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia, foi lançada a plataforma PrevisIA. A ferramenta está disponível gratuitamente na internet, e usa imagens de satélites e inteligência artificial para identificar áreas com maior risco de desmatamento e fogo na Amazônia. Dessa forma, contribui para a efetividade de ações preventivas para a conservação do bioma. https://previsia.org/
Mapeando espécies e decifrando seu genoma
Em 12 anos de atividades, o Instituto Tecnológico Vale - Desenvolvimento Sustentável (ITV-DS), investiu US$ 141 milhões, que resultaram no apoio a 154 projetos de pesquisa. Nesse período, pesquisadores ligados ao ITV publicaram mais de 700 artigos científicos.
Entre os projetos de maior porte está o mapeamento das espécies vegetais presentes nas cangas de Carajás, trabalho que já envolveu 145 pesquisadores e fez o número de espécies conhecidas que habitam a região saltar de 200 para 1.100. Essas espécies foram mapeadas geneticamente, por meio do uso de novas tecnologias baseadas em sequenciamento de DNA. Em seis anos, o ITV-DS mapeou 9.500 mil códigos genéticos de espécimes de plantas e 3.500 de animais, transformando as cangas da Amazônia no único bioma brasileiro a ter uma flora com uma referência genética.
Outra iniciativa de grande relevância é o projeto AmaZoomics, que está decifrando o genoma de 29 espécies em parceria com o Bioparque Vale Amazônia, em Carajás, e com outras instituições sediadas no país e no exterior.