Aparelhos com tensão 220v gastam menos energia do que os de 110v
Mito. Segundo o administrador Wagner Cunha Carvalho, especialista em eficiência energética e hídrica e diretor da consultoria W-Energy, essa crença não é verdadeira. De acordo com Carvalho, muitas indústrias costumam usar tensão 220v ou 380v para economizar nos cabos e fios, pois quanto maior a tensão, menor é o fluxo de corrente elétrica e, portanto, menor a espessura dos cabos e fios. Mas não há diferença significativa no consumo de energia entre um aparelho 220v e 110v. O consumidor precisa estar atento para não ligar um aparelho 110v em uma tomada 220v, ou vice-versa, pois isso prejudica o funcionamento e pode queimar o equipamento.
Deixar os aparelhos em standby gasta energia.
Verdade. Segundo um levantamento feito por Wagner Carvalho, desligar totalmente aparelhos como televisão, decoder de TV por assinatura, videogame e roteador de internet enquanto não estão sendo utilizados pode gerar uma economia de, em média R$ 142 por ano. É verdade que um aparelho consome mais energia no momento em que é ligado, então em tese o liga-desliga poderia representar um gasto maior. Porém, de acordo com Carvalho o consumo desse pico de energia é insignificante quando comparado com a economia gerada ao desligar os aparelhos quando o consumidor vai ficar várias horas sem usá-los. Para não ter que ficar ligando e desligando diversos plugs, o consultor recomenda usar um filtro de linha com um botão on/off, e conectar os aparelhos nele.
Falar ao celular enquanto ele carrega pode ser perigoso.
Verdade. As fontes e os cabos de celular, quando superaquecidos, podem, em tese, causar um curto-circuito e provocar um princípio de incêndio. Ou até transferir esse calor para o aparelho e provocar uma explosão da bateria. Principalmente no caso dos cabos não originais, que podem ter fios mal dimensionados e pouco reforçados. Quando falamos ao telefone, o contato com a pele do rosto ajuda a aquecer o aparelho ainda mais. Segundo Carvalho, são raros os acidentes causados por superaquecimento do celular, mas é mais prudente prevenir. Também é preciso ter cuidados com fios desencapados, que podem provocar choque.
O chuveiro é o aparelho que mais consome energia na casa.
Mito. Em tempo real o chuveiro realmente é o que consome mais. Mas, a longo prazo, é a geladeira o aparelho que precisa de mais energia para funcionar, principalmente os modelos antigos. “Alguns consomem cerca de 40 a 50% a mais de energia do que os modernos”, diz Carvalho.
Mas algumas dicas ajudam a reduzir a conta de luz:
- Se for comprar um aparelho novo, procure os que têm o selo da Procel com nota A;
- Regule o termostato. Se não estiver um clima muito quente no ambiente ou se a geladeira não estiver cheia, não há necessidade de deixar a temperatura no mínimo;
- Evite forrar as prateleiras da geladeira. Isso reduz a circulação do ar refrigerado, aumentando o consumo de energia;
- Cheque a borracha da porta a cada seis meses, e substitua quando necessário. Uma borracha solta permite que o ar quente de fora entre na geladeira, fazendo com que ela consuma mais energia para resfriar os alimentos;
- Pelo mesmo motivo, evite colocar comida quente dentro da geladeira. Se entra ar quente dentro do aparelho, o motor precisa funcionar mais. “É como dirigir com o ar-condicionado ligado e as janelas do carro abertas”, diz Carvalho.
- Outras dicas são organizar o conteúdo da geladeira e escolher modelos duplex, com abertura separada para o congelador. Assim evita-se que os usuários abram a porta com frequência ou a mantenham aberta por muito tempo enquanto procuram o alimento. Quando for descongelar alguma comida, retire-a do congelador com antecedência e deixe-a descongelando dentro da geladeira, em vez de usar o micro-ondas. Isso também ajuda a poupar energia.
Deve-se evitar usar o adaptador T de tomadas (ou benjamin)
Verdade. “As casas e apartamentos mais antigos não foram dimensionados para o uso de tantos aparelhos como temos hoje”, diz Wagner Carvalho. O ideal é colocar apenas um plug por tomada. Ou contratar um eletricista para avaliar a residência e fazer as adaptações necessárias. No caso das casas e apartamentos mais novos, a capacidade da estrutura elétrica vai depender do projeto. Caso o morador perceba algum sinal de fumaça ou princípio de incêndio, a primeira medida deve ser desligar o disjuntor da casa. Se o fogo não se apagar, deve-se usar um extintor de incêndio de classificação C, específico para rede elétrica. “O ideal é que se criasse essa cultura de ter extintor em casa e treinar como usá-lo”, diz o consultor.
Colocar uma garrafa de água em cima do relógio de luz ajuda a reduzir o consumo
Mito. Por incrível que pareça, segundo Carvalho essa ainda é uma crença muito difundida em cidades do interior. Segundo o consultor, a origem desse mito é uma lenda urbana que diz que, antigamente, havia um esquema de fraude entre alguns moradores e as concessionárias de energia. Os fraudadores colocariam uma garrafa de água em cima do relógio para sinalizar que faziam parte do esquema, então o profissional que fazia a medição registrava uma leitura abaixo da verdadeira naquelas casas. “Não existem nenhuma evidência científica que esse hábito reduza o consumo de energia”, diz.
Lâmpadas de LED são mais econômicas do que as fluorescentes
Verdade. As fluorescentes são mais baratas, mas duram menos tempo. “As de LED certamente são mais vantajosas”, diz Carvalho. Uma dica importante é dimensionar a quantidade ideal de watts para iluminar um ambiente. “Se a luz for clara demais para aquele local, o morador vai gastar mais energia do que precisa”, diz o consultor.
O ar condicionado é um grande vilão do consumo de energia
Depende. Segundo Wagner Carvalho, no momento de utilização o ar é sim o aparelho que mais consome energia em uma casa. Mas seu consumo total, comparado com outros equipamentos, vai depender da utilização e do modelo. “Aparelhos com tecnologia inverter baixam a rotação do compressor quando a temperatura desejada é alcançada, sem desligá-lo totalmente, evitando picos de consumo de energia”, diz. Além disso, também é preciso dimensionar bem a potência do ar para o ambiente que ele vai refrigerar. Um modelo de 18 mil BTUs em tese consome mais energia. “Mas se o consumidor optar por um de 9 mil ou 12 mil para um ambiente muito grande, o aparelho vai funcionar no limite da capacidade e consumir mais”, diz o consultor. A última dica é manter o filtro sempre limpo, já que a sujeira dificulta a circulação de ar, aumentando o consumo energético.
Outros eletrodomésticos que consomem menos energia na casa podem representar uma grande economia quando utilizados corretamente. Por exemplo, lavar poucas ou muitas peças na máquina de lavar roupa ou louça vai gastar mais ou menos a mesma quantidade de energia. “É como dirigir um carro com um ou quatro passageiros. A diferença de consumo de combustível é mínima”, afirma Carvalho. Então, o mais indicado é esperar acumular o suficiente para encher os aparelhos. Na hora de passar roupa, a orientação é deixar as peças mais leves e delicadas por último. Quando chegar a vez delas, basta desligar o ferro de passar e usar o calor remanescente na prancha para alisá-las. Por fim, na hora de secar o cabelo, o ideal é usar a toalha para retirar o excesso de água antes de ligar o secador. Isso vai poupar tempo e dinheiro. “Com pequenas mudanças de hábitos é possível derrubar cerca de 30% da conta de energia facilmente”, diz Wagner Carvalho.
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