Reino Unido planeja exigir que empresas rastreiem desmatamento nos países importadores

Companhias terão de garantir que os alimentos e insumos importados não contribuam com a perda de florestas tropicais

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Por Redação
Atualização:

O Reino Unido planeja instituir uma lei pela qual as empresas do país são obrigadas a rastrear o desmatamento no exterior para garantir que os alimentos e insumos importados não contribuam com a perda de florestas tropicais. É a primeira vez na legislação britânica que as companhias serão responsabilizadas pela origem das commodities, como soja, óleo de palma, carne de vaca e cacau, comprados principalmente de países da América Latina, África e do Sudeste Asiático. A França adotou uma lei semelhante em 2017.

O anúncio acompanha a crescente preocupação dos consumidores quanto aos produtos que adquirem estarem colaborando para o desmatamento da Amazônia e de outras áreas de floresta tropical. Uma pesquisa do YouGov comissionada pelo Greenpeace mostrou que 55% das pessoas no Reino Unido não considerariam comprar carne de empresas que importam o alimento ligado à exploração agrícola em áreas que até recentemente eram cobertas pela floresta tropical amazônica.

Área desmatada na região de Itaituba, no Pará, em setembro de 2019 Foto: Ricardo Moraes / Reuters

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As normas que as empresas britânicas teriam de cumprir seriam baseadas nas leis existentes nos países onde as mercadorias são produzidas. Por exemplo: uma empresa importadora do Brasil seria obrigada a assegurar que os produtos que comprasse no País não estivessem associados ao desmatamento ilegal.

O governo britânico propõe que a medida seja introduzida na próxima Lei do Ambiente, que deverá regressar ao Parlamento em Londres no mês que vem. As empresas serão multadas se não cumprirem a obrigação. 

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A Tesco, maior rede de supermercado do Reino Unido, apelou por essa lei há algumas semanas e faz parte de um grupo de investidores, empresas de bens de consumo e retalhistas que participaram recentemente na Iniciativa Global de Recursos, um fórum multilateral sobre desmatamento que pediu, entre outras coisas, a criação de uma obrigatoriedade.

A empresa não se abastece de carne de vaca, galinha ou porco do Brasil, mas recusou-se a cortar laços com Moy Park e Tulip, empresas britânicas de produção de carne que são controladas pela JBS. Segundo a companhia, isso poderia levar à perda de milhares de postos de trabalho e prejudicar os agricultores locais.

As empresas que integram o comércio de produtos como soja, carne bovina e óleo de palma esperam que, a partir da lei, o governo as ajude a escapar dos apelos à proibição total ou ao boicote desses produtos e que a contínua escalada de críticas que enfrentam por parte dos consumidores britânicos reduza.

O atual governo brasileiro tem sido criticado por investidores internacionais, empresas e governos, bem como por empresas brasileiras, devido à redução das proteções ambientais e ao aumento das taxas de desmatamento. Em junho, o desmatamento na Amazônia foi o maior em cinco anos, apesar de ação militar e pressão externa. Em maio, supermercados e empresas como Burger King ameaçaram boicotar commodities brasileiras por conta do PL 2.633, de regularização fundiária. 

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