Brasil substitui Argentina como prioridade da Alitalia

A companhia aérea italiana vai reduzir as saídas semanais de Buenos Aires e aumentar a freqüência de vôos entre São Paulo e Roma

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Por Agencia Estado
Atualização:

A companhia aérea Alitalia decidiu substituir a Argentina pelo Brasil no papel de principal mercado na América do Sul. A empresa vai reduzir as saídas semanais de Buenos Aires, de sete para seis, e aumentar a freqüência de vôos entre São Paulo e Roma a partir do começo de junho. A Venezuela, também com sete vôos semanais, é o terceiro maior mercado da Alitalia na região. Com a mudança, a direção da empresa no Brasil espera ampliar o faturamento em 15% até o final do ano. Nos primeiros meses deste ano, a taxa de ocupação nos vôos da Alitalia que saem do País com destino à Europa cresceu para 79%. "Queremos aumentar a ocupação para cerca de 85%", diz o diretor-geral da Alitalia no Brasil, Luca Martucci. Com a retomada dos vôos entre São Paulo e Roma, interrompidos desde o final de outubro do ano passado por conta dos atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos e pela conseqüente queda de demanda por viagens aéreas ao exterior, a empresa passa a fazer sete vôos semanais entre Brasil e Itália. Duas rotas São Paulo-Roma e cinco vôos São Paulo-Milão, considerada hoje a linha mais rentável da empresa no tráfego aéreo entre Europa e América do Sul. Êxodo - A redução de vôos na Argentina, segundo Martucci só não é maior por parte da empresa porque ainda existe um forte êxodo de argentinos para a Itália, por conta da crise econômica e social do país. "Muitos têm dupla cidadania e estão indo para lá", afirma. "No futuro próximo deveremos reduzir ainda mais as operações na Argentina", conclui. De acordo com ele, a nova rota entre São Paulo e Roma, que entra em operação na quarta-feira da próxima semana (5 de junho), tem como maior objetivo ampliar o turismo religioso de brasileiros na Itália. "A canonização da Madre Paulina, ocorrida semana passada, deve crescer ainda mais", afirma ele, lembrando que o Brasil possui cerca de 28 milhões de imigrantes e descendentes de italianos. Segundo o diretor, cerca de 350 mil brasileiros visitam a Itália todos os anos. Entre 20% e 30% deste total vai ao país em visitas de negócios. "Queremos boa parte deste mercado, mas também focamos em outras áreas, como turismo religioso e de jovens para intercâmbio", afirma. Segundo a diretora de marketing da Alitalia, Regina Bianchi, o turismo religioso deve responder por algo entre 30% e 40% dos negócios da Alitalia no Brasil. "É um grande filão para nós porque temos um grande contato com o Vaticano", afirma Regina, lembrando que o Papa João Paulo II é o passageiro mais ilustre da Alitalia faz 25 anos. Regina revela que a estratégia de marketing para ampliar as vendas neste segmento tem de ser cuidadosa e bem realizada. Além do trabalho com as operadoras de turismo, a companhia aérea utiliza outros canais de comunicação. "Temos mailings de paróquias e igrejas e sempre mandamos as maiores novidades e criamos promoções para estes lugares", diz. Crise - A Alitalia é a maior companhia da Itália e quinta maior empresa da Europa no setor de aviação. O governo italiano é o acionista majoritário da empresa, com 53% das ações e os trabalhadores respondem por 20%. O restante está diluído nas mãos de acionistas minoritários, como a companhia aérea Air France. Depois dos atentados nos Estados Unidos, a Alitalia entrou numa profunda crise financeira e sua dívida se ampliou para pouco menos de 1 bilhão de euros no final do ano passado. No começo deste ano, a Alitalia lançou um plano de reestruturação que previa a demissão de milhares de trabalhadores, um empréstimo de 380 milhões de euros do governo italiano e uma recapitalização de 1,5 bilhão de euros. O problema é que os sindicatos de trabalhadores ligados à Alitalia se opuseram às demissões e criaram impasses que ocasionaram greves e paralisações. Somente depois de muitas negociações é que a companhia e o governo conseguiram convencer os trabalhadores de que gastos precisavam ser reduzidos. Eles aceitaram a redução da carga horária de trabalho. Mesmo depois de resolvido o impasse, a Alitalia ainda enfrenta dificuldades. O prejuízo do primeiro trimestre chegou a US$ 89 milhões e a taxa de ocupação de assentos da empresa caiu 12% neste período, na comparação com os primeiros três meses de 2001. Para este ano, a Alitalia trabalha com a expectativa de prejuízo de pouco mais de US$ 47 milhões. Com estas dificuldades, circularam pela Europa afora rumores de que a companhia poderia passar a ser controlada pela Air France. O governo italiano apressou-se em informar que pretende manter sua participação majoritária na empresa até o final de 2003. Além disso, um acordo com os sindicatos impede a venda de uma maior participação para a Air France. Em novembro, a Alitalia passou a fazer parte da aliança Sky Team, que conta, entre outros sócios, com a própria Air France, além de Delta Air Lines e Aeroméxico. Perfil - No ano passado, a Alitalia transportou 25 milhões de passageiros em todo o mundo, atuando em 60 países, com 869 vôos diários. O faturamento da companhia chegou a 5,263 bilhões de euros (US$ 4,87 bilhões). A empresa foi fundada em 1946 pelo governo e conta hoje com 23 mil trabalhadores. No Brasil, a Alitalia tem 60 funcionários e três escritórios. A sede da empresa é em São Paulo, mas possui filiais em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde encerrou operações de vôos por conta de uma parceria de code-sharing com a Varig.

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