A indústria turística mundial não é mais a mesma desde os atentados contra os Estados Unidos, na última terça. No 29.º Congresso Brasileiro de Agências de Viagens (Abav 2001), que terminou na noite de sábado em Brasília e reuniu 600 expositores nacionais e internacionais, o presidente nacional da associação, Goiaci Alves Guimarães, falou do "trauma de viajar" daqui para frente. "Os cancelamentos estão sendo enormes não só para os Estados Unidos. Acho que o turismo internacional vai despencar." Isso, segundo Guimarães, deverá, de certa forma, "beneficiar" o turismo interno, que vem ganhando força nos últimos anos. "Hoje o brasileiro das classes B e C está sendo atingido", acresentou o presidente nacional da Abav, que mencionou as facilidades de financiamento e a popularização das viagens de avião. Ainda de acordo com eles, somente no primeiro semestre deste ano a venda de passagens aéreas internacionais caiu 5,8%. Em compensação, o mercado doméstico cresceu 10%, segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea). A previsão de queda nas viagens internacionais é confirmada pelo representante da Travel Industry of America no Brasil, Luiz Moura. "A situação vai afetar o turismo nos Estados Unidos, tendo um reflexo no mundo inteiro", acredita. O diretor comercial da Air Canada no Brasil, Gleyson Ranieri, concorda: "Nos próximos 60 dias vão ser só cancelamentos". Cauteloso, o mercado aguarda as conseqüências da tragédia norte-americana para definir estratégias. "Em respeito ao que ocorreu suspendemos as ações de publicidade e marketing no mundo", disse o diretor de Vendas e Marketing da Lufthansa para o Brasil, Ralf Aasmann. Segundo dados da Abav, em 1994, 70% dos pacotes comercializados nas férias de julho eram para o exterior. Já em 2001, 77% foram para o Brasil. Além da desvalorização cambial, o presidente aponta o investimento de capital privado em infra-estrutura turística no País como fator catalizador. De 1998 para cá, por exemplo, foram abertos 300 hotéis e 10 parques temáticos, além de obras de reforma e ampliação executadas em sete aeroportos do Nordeste. Ao todo, um investimento de US$ 6,5 bilhões. Grande potencial Em seu discurso de abertura da Abav 2001, na última quarta-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso destacou a importância do turismo para a economia nacional. Segundo ele, o Brasil está inserido no contexto mundial como destino turístico e tem grande potencial para crescer nesse segmento. Pensando nisso, a Embratur lançou nesta semana uma campanha de divulgação do País, chamada "Brasil, quanto mais a gente conhece, mais a gente gosta". Em 30 segundos, um filme mostra vários destinos nacionais, como a Amazônia e praias. O site do órgão também foi reformulado para facilitar o acesso. O endereço é o www.brasil.embratur.gov.br. Numa das seções, o viajante pode escolher seu roteiro. Dividido em quatro áreas de contéudo, ele tem até som, com músicas brasileiras, é claro.