Castanha-do-pará, pequiá, pupunha, tucumã, ingá, cupuaçu, maniva e o precioso açaí. É no Mercado Ver-o-Peso que todos têm a oportunidade de conhecer os frutos típicos da Amazônia que dão o toque especial nas saborosas refeições, nos cosméticos e até no artesanato. Calcula-se que sejam duas mil bancas espalhadas ao longo desse extenso mercadão a céu aberto. É lá que quem visita a cidade é apresentado aos produtos que farão parte do vocabulário e que, com certeza, ficarão guardados na memória. É uma visita ao cartão-postal de Belém. Era ali que as embarcações européias aportavam. Hoje, é o ponto dos barcos de pesca e das pequenas canoas que trazem produtos variados. Turistas parecem moscas. Seja na ala das frutas, dos peixes, das farinhas, das pimentas, das cerâmicas marajoaras, dos artesanatos, dos artigos indígenas, das ferramentas ou do açaí. Nas bancas de açaí, que ocupam a maior área do mercado, o turista vai ver - para realmente crer - que os nativos tomam o caldo do fruto acompanhado de farinha de mandioca ou de tapioca com peixe ou camarão frito. Há até camelôs que se espalham discretamente pelos corredores, entre as fileiras das bancas, como o comerciante José (que preferiu não revelar o sobrenome). Ele vende caranguejo por R$ 0,30 a unidade e aproveita para pedir uma caixinha, caso o turista queira uma foto. Receitas - Sem dúvida a ala mais divertida e, quem sabe, a referência do mercado é a área das plantas, ervas, chás e afins. Há plantas penduradas, frascos e potes de perfumes que contêm verdadeiras "poções mágicas" com a promessa de resolver todos e quaisquer problemas, inclusive manter o homem ou a mulher da sua vida sempre por perto. Nos rótulos, as indicações mais engraçadas. Alguém disse que está com olho gordo? Então leve o banho desmancha tudo. Tem algum comércio? Leve o chama freguês. Alguma inflamação? Leve a garrafada. Além de temas como carrapatinho, pega mas não larga, amarradinho, preparadinho da bôta, chora nos meus pés... Uma infinidade. Quando a vendedora é questionada se tudo aquilo funciona: "Muita gente que compra, volta", garante Ivone Campos de Souza, que trabalha ali há 30 anos. Pela bagatela de R$ 3,00, no mínimo, o turista garante o seu frasquinho. Se a intenção for comprar frutas, prepare-se para chegar cedo, por volta das 7 da manhã, e escolher os melhores exemplares. Os nativos não aconselham que os turistas perambularem pela região do período em que a noite cai até o amanhecer. "A região é perigosa", aconselha o guia Marco Romero. O Ver-o-Peso é o melhor lugar para comprar lembrancinhas. Há muitas opções de colares, bolsas de palha, camisetas, chinelos e sandálias de couro e brinquedos de madeira. Independentemente do produto escolhido, sempre será possível encontrar artigos por R$ 1,00. Mas o legal mesmo é trazer louças de cerâmica marajoara. Há jogos de chá, vasos de todos os tipos e tamanhos e até urnas funerárias.
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