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Mesmo com crise, turismo espera crescer em 2001

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Por Agencia Estado
Atualização:

A indústria do turismo no Brasil deve crescer este ano, apesar da alta do dólar e das turbulências internacionais. A estimativa é de entidades representativas do setor, entre elas a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav) e a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), que se reuniram hoje para apresentar um balanço do turismo a partir dos atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos. De acordo com a Abav o faturamento este ano deve ficar em US$ 7,2 bilhões contra US$ 6,8 bilhões no ano passado, um aumento de 5,9%. A participação do turismo nacional para o setor foi de 70% no ano passado e deve ficar em 77% este ano contra 30% e 23% do turismo internacional. "O turismo internacional sem dúvida sofreu um impacto muito drástico com a tragédia dos Estados Unidos, mas acho que estão exagerando nos efeitos dos ataques terroristas para o turismo", disse o presidente nacional da Abav, Goiaci Alves Guimarães. O turismo nacional vem se beneficiando da crise internacional: a emissão de passagens aéreas cresceu 21,4% mês após os atentados em relação ao mesmo período do ano passado e deve fechar o ano com alta de 21,7%. "Não foram só a desvalorização da moeda e a situação externa que colaboraram para isso. A infra-estrutura melhorou de um modo geral, passando a atrair mais turistas", afirmou Goiaci. Com o aumento da procura, os preços também subiram. Quem comprar pacote de viagem para algum destino brasileiro neste final de ano vai pagar em torno de 20% a mais do que em 2000. No caso dos resorts, a alta pode chegar a 30%. Parques vazios - Tal otimismo, porém, não vale para as vendas de viagens internacionais. O segmento sofreu queda de 70,2% na emissão de passagens aéreas dez dias após os atentados de setembro e, mesmo tendo se recuperado um pouco, ainda deve fechar o semestre com baixa de 24,3%, totalizando queda anual estimada de 13,8% em relação ao ano passado. Só as vendas de pacotes para a Disneyworld, na Flórida, despencaram cerca de 75% desde setembro até agora. Até então, o Brasil era o terceiro país que mais visitava o complexo de parques. "Os negócios estão parados, os parques temáticos vazios. Nem o americano está indo para a Disney", afirmou o presidente da Braztoa, Ilya Hirsch. Tanto que pacotes para este destino estão saindo até 40% mais baratos do que custavam antes de 11 de setembro, assim como pacotes para Nova York, cuja queda chega a 60%. O turismo de negócios internacional também deve fechar com resultado negativo, com quedas de 22% na emissão de passagens aéreas e de 3,3% no faturamento. Segundo Francisco Leme da Silva, presidente do Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais (Favecc), o segmento está negociando com fornecedores e buscando novos acordos comerciais para impulsionar as vendas. Para o turismo cultural, o cenário é mais desanimador. A área enfrenta a pior fase dos últimos dez anos, com queda de 50% no segundo semestre até outubro e expectativa de encerrar o ano com baixa de 20% em comparação ao ano passado. Desemprego - Para Luiz Vecchia, presidente do Sindicato dos Empregados do Turismo do Estado de São Paulo, o nível de emprego no setor corre perigo. Na semana passada, a Soletur, uma das maiores operadoras de viagens brasileiras declarou falência, deixando 480 pessoas desempregadas. No mesmo período, três agências de turismo da capital, cujos nomes não foram revelados, fecharam acordo com o sindicato para redução da jornada de trabalho e dos salários, entre 18% e 20%. Outras duas esperam fechar negociação esta semana. "Estamos fazendo de tudo para evitar demissões, mas a situação é crítica. O Sindetur (Sindicato de Turismo) se negou a negociar o dissídio (com data-base para 1º de novembro) alegando que só no segundo semestre de 2002 as coisas devem melhorar", revelou. Segundo Vecchia, a categoria havia proposto reajuste salarial de 12%, negado pelo sindicato patronal. O piso salarial dos empregados do turismo é de R$ 268,00 para copeiros, office-boys, faxineiras e recepcionistas e de R$ 368 para demais funcionários. O sindicato irá solicitar, ainda esta semana, à Delegacia Regional do Trabalho uma mesa redonda para tentar rediscutir o assunto.

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