Pé no pedal: confira 22 roteiros para sair de bicicleta pelo mundo

Selecionamos pacotes para ciclistas com diferentes níveis de experiência. Não se sente seguro? Veja como se preparar

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SANTOS - Chovia bastante no fim de julho, enquanto o grupo de 30 ciclistas pedalava em fila indiana pelo acostamento da Rodovia dos Imigrantes no sentido do litoral. Após um curto trecho na movimentada via, adentramos a estrada de manutenção da concessionária, fechada ao fluxo de carros. Daquele ponto em diante, nem o mau tempo foi inimigo. O verde da Mata Atlântica parecia pulsar a cada gota, e o vento frio e úmido era aplacado pela adrenalina. Ao cabo dos 18 quilômetros de descidas, eis o saldo: 30 ciclistas encharcados, mas com sorrisos autênticos, de dar inveja em quem ficou dormindo em casa.

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O passeio termina com uma visita guiada e uma degustação preparada por um barista no Museu do Café, em Santos. Fique tranquilo: após a descida na reservada estrada, o traslado até o litoral e o retorno à capital são feitos de ônibus. Criado pela Pediverde Cicloturismo (pediverde.com.br), o pacote Santos de Bike custa R$ 245 (a próxima saída será dia 19) e é um exemplo das opções que ciclistas não tão experientes têm para se ambientar a pedaladas mais longas.

Com cada vez mais ciclovias em cidades grandes – São Paulo, por exemplo, já ultrapassou os 320 quilômetros de faixas permanentes –, há uma demanda crescente por desafios e horizontes mais amplos a serem descobertos numa magrela. “O cicloturismo é o passo seguinte de familiarização com a bike. A bicicleta causa isso nas pessoas, leva a buscar algo a mais. Uma hora a cidade fica pequena”, diz o diretor da Pediverde Cicloturismo, Gustavo Angimahtz. 

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Mas não é todo mundo que encara despreocupadamente as estradas. “As principais dúvidas são as clássicas ‘será que eu aguento?’ e ‘tem muita subida?’. E apesar de cada um ter sua capacidade física individual, isso é uma questão da determinação de cada um. Se você estiver disposto àquilo, você vai fazer.”

O grande público do cicloturismo ainda está nos iniciantes, que descobriram a bicicleta há pouco tempo. “Em viagens com apoio e eventos de cicloturismo, sempre vejo uma grande quantidade de pessoas interessadas, que estão ali pela primeira vez. Isso está mudando, quem viaja uma vez sempre quer repetir e acaba trazendo amigos e família”, afirma Jonatha Jünge, diretor da operadora Caminhos do Sertão.

Rotas. A cena do cicloturismo no Brasil está em desenvolvimento. Para Guilherme Padilha, diretor da agência Auroraeco e presidente da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), a demanda por esse tipo de experiência é cada vez maior, seja com a ajuda da operadora ou de forma independente, mas o desafios ainda são muitos. “A estrutura para esse tipo de viagem caminha em um ritmo bem mais lento, são poucas as regiões que alinham boas condições de estrada e trilhas, atrativos culturais, naturais e estrutura hoteleira”, diz Padilha.

Mesmo que nossa infraestrutura ainda tenha muito o que evoluir, os brasileiros estão pedalando mais – ainda que não haja números oficiais. “Há aproximadamente 10 anos, a procura mais do que dobra a cada ano. Surgem novas operadoras, novas pessoas interessadas, novas marcas de bicicleta, novos circuitos”, conta Adriana Kroehne, da Bike Expedition.

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Desde 2001, os 15 voluntários da ONG Clube de Cicloturismo oferecem, entre outros serviços, assessoria gratuita para iniciantes. Avaliam o nível do calouro, a viagem pretendida e o colocam em contato com uma rede de 2 mil participantes de sua lista de discussão. “Fazer independente é uma experiência diferente. Muita gente começa com pacotes de operadora e depois aprende a ir sozinho”, explica Eliana Britto Garcia, diretora do Clube do Cicloturismo.

Com boas estradas pavimentadas, hospedagem caprichada e uma mentalidade mais aberta aos ciclistas, dois destinos brasileiros investiram mais no turismo sobre duas rodas nos últimos anos: o Vale Europeu, em Santa Catarina, e o Vale dos Vinhedos, na região de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. “Nessas áreas os motoristas já estão mais acostumados aos ciclistas nas estradas. E mesmo que tenhamos alguma deficiência técnica, a parte colonial e a natureza são enormes”, acredita o diretor de mercado nacional da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), Lenauro Mendonça.

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Por outro lado, a natureza ainda é nosso maior patrimônio cicloturístico. Cresce a procura – de brasileiros e estrangeiros – por pedaladas em áreas de preservação, como Chapada Diamantina, Chapada dos Veadeiros, Serra da Mantiqueira e Estrada Real, de Minas Gerais ao litoral fluminense.

Os brasileiros ainda almejam a vivência das cicloviagens no exterior, especialmente nas estradas europeias, onde a cultura ciclística é mais institucionalizada. Toscana e Provence são as regiões favoritas, mas as planícies holandesas e as costas escarpadas da Croácia não ficam atrás. Brasil e América do Sul, contudo, têm destinos singulares e roteiros bem montados. Selecionamos pacotes de operadoras especializadas, separados por região e nível de dificuldade. A maioria inclui bicicletas (quando não for o caso, será especificado). Escolha o destino e a rota que mais se encaixa em seu preparo e coloque os pés no pedal. / COLABOROU BRUNA TONI

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