Da Bahia mesmo ele só emprestou a deslumbrante paisagem natural - como se fosse pouco. Está situado em nada menos que um terreno de 700 mil metros quadrados em meio a manguezais e fica de frente para areias claras e mar verde-azulado desse pedaço abençoado do litoral sul. E também herdou a maior parte dos funcionários, que aprendeu a arte de bem receber com os próprios donos do empreendimento. Nos outros tantos atributos do hotel "seis-estrelas" Toca do Marlin, em Santo André, a apenas 20 quilômetros de Porto Seguro (o acesso é feito em dez minutos pela balsa de Santa Cruz Cabrália), não há nada da simplicidade baiana. Esqueça a agitação das praias da região, movidas a axé music, e embarque no "mundo" dos privilegiados que podem gastar até US$ 500 por dia para desfrutar de uma hospedagem exclusiva. Inaugurado discretamente em dezembro do ano passado - o hotel já comemora metade da lotação esgotada para o próximo Réveillon -, à primeira vista ele pode até decepcionar aqueles que associam a idéia do luxo à ostentação e ao exagero. A essência desse hotel se traduz na rusticidade aliada à qualidade. Desde a construção, feita com muito vidro e madeira de lei, passando pelos finos metais ingleses do banheiro, da Lefroy Brooks, até a refinada culinária francesa. E a lista não pára por aí. Todos os objetos levam assinatura de grifes famosas, como os cristais, talheres e louças da marca Christofle que, aliás, tem uma loja dentro do hotel; pisos e luminárias de cerâmica trazidos da Espanha; mármore italiano nos banheiros; roupas de cama e toalhas feitas com algodão egípcio, da Trussardi; e móveis originais portugueses do século 16. Sem contar o projeto paisagístico feito por Isabel Duprat, discípula de Niemeyer. Outra característica que faz do Toca do Marlin um seis-estrelas, embora a classificação não exista oficialmente, é o atendimento, com média de 3,5 funcionários sorridentes para cada hóspede. "Procuramos reunir tudo o que gostávamos dos melhores hotéis do mundo, principalmente fazer com que o cliente seja atendido da melhor forma todo o tempo", explicam os proprietários Bennet e Lúcia Nisencwaig. Para deixar o visitante literalmente de pernas para o ar, há quem desfaça as malas, arrume bagagens, realize reparos em roupas e engraxe sapatos. Já a personalização do serviço fica por conta de um questionário enviado à suíte assim que se faz o check-in. Nele, pode-se destacar suas preferências de queijo, vinho, frutas, temperatura, ambiente do quarto, etc. Mas o que realmente faz o hóspede sentir-se um rei é o conforto das suítes. Confesso que embora o lugar seja lindo, é difícil abandonar a camona e os travesseiros suíços, para lá de polpudos e macios (a cama tem controle de reclinagem). Renda-se, sem culpa, à generosa ducha, que jorra água na pressão e temperatura ideais para um banho dos deuses. E use e abuse dos amenities, como xampu, das marcas OX e Granado, com aromas suaves em perfeita harmonia com o cenário. Cordon Bleu - Um dos maiores orgulhos do hotel é também o sofisticado restaurante à francesa. O menu, organizado pelo mestre Laurent Suaudeau, é executado pela chefe residente e mulher do proprietário, a carioca Lúcia. Calma, habilidosa e diplomada pela renomada escola de culinária Cordon Bleu, ela prepara delícias da alta cozinha francesa mesclada com ingredientes regionais, como peixes, frutos do mar, verduras e legumes. A carta de vinhos foi elaborada pelo especialista Paulo Nicolai. O resultado é um cardápio sofisticado, criativo e leve, com pelo menos duas opções de entrada, prato principal e sobremesa. No café da manhã, o capricho continua. Ovos, estrelados ou mexidos, frutas da estação, geléias de frutas nativas, como graviola e manga, e pães feitos lá mesmo com equipamentos importados. Brioche, integral, de ervas ou com gergelim, entre outras opções, servidos quentinhos, recém-saídos do forno. Para acompanhar, não deixe de provar o capuccino, cremosíssimo. A viagem foi oferecida pela Teresa Perez Turismo