O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que esteve na última terça-feira, 17, no Rio de Janeiro, disse que conversou nesta quarta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a participação de militares na morte de três jovens, no Rio, e descartou a saída imediata do Exército do Morro da Providência. Jobim disse que o governo ainda vai definir a forma como o Exército vai continuar no Morro da Providência. Nelson Jobim disse que voltará ao Rio na segunda-feira, com Lula e até lá os dois vão discutir a melhor forma de atuação do Exército no local. "A possibilidade de o Exército sair (do morro) não existe", disse o ministro. Veja também: Jobim pede calma ao Exército para superar crise no Rio Forças Armadas não estão aptas a combater a violência, diz Lula Lula se diz indignado com mortes no Morro da Mineira Exército pede desculpas a mães de jovens mortos no Rio Delegado do Rio pode pedir quebra de sigilo de militares O Exército está preparado para atuar na segurança pública? Mais cedo, Lula voltou a fazer críticas sobre a atuação dos militares no Morro da Providência, mas admitiu que não pretente retirar as tropas do local. "O Estado tem que fazer reparação às famílias e dar continuidade às obras, porque as obras são para melhorar as condições de vida das pessoas", afirmou, referindo-se ao projeto Cimento Social, do senador Marcelo Crivella (PRB) e candidato à Prefeitura do Rio, em parceria com o Ministério das Cidades e o Exército. Os três jovens foram abordados por militares no Morro da Providência, no fim de semana, e seus corpos foram encontrados no aterro sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias. Onze militares estão detidos por ligação com as mortes e parte deles admitiu à polícia ter levado os jovens às mãos de traficantes do Morro da Mineira, de uma facção rival à que controla o Morro da Providência. Segundo um oficial, houve desacato à autoridade por parte dos jovens, que foram deixados na outra favela para um "corretivo". "Não é possível que três jovens inocentes sejam mortos dessa forma", disse Lula, após cerimônia de comemoração do centenário da imigração japonesa no Brasil. O presidente disse que as obras no Morro da Providência vão continuar, porque elas darão condições de melhoria à população. Segundo o presidente, se necessário, o Exército sairá do Morro da Providência. "Mas isso vamos discutir com calma, para não tomar nenhuma atitude precipitada. Não é por causa de um erro gravíssimo, abominável que a gente tem de tomar medidas precipitadas", afirmou. Lula afirmou ainda que a retirada dos militares da Providência, como vem sendo reivindicada pelo moradores, seria avaliada. "Não é por causa de um erro gravíssimo que a gente vai ter que tomar medidas precipitadas", afirmou o presidente, acrescentando que vai conversar com os ministros da Defesa, Nelson Jobim, que esteve no Rio, e com o das Cidades, Marcio Fortes. O presidente disse que também vai procurar falar com o governador Sérgio Cabral (PMDB), que estava na Alemanha. (Colaborou Reuters)