Uma tragédia atrás da outra; País chora mais mortes que poderiam ter sido evitadas
Os brasileiros acordaram nesta sexta com a trágica notícia da morte de dez garotos do futebol de base do Flamengo, entre 14 e 16 anos, após incêndio no alojamento irregular do CT do clube, em Vargem Grande, no Rio, onde todos eles dormiam. Há outros três feridos
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Por Redação
Atualização:
Eram todos muito jovens e sonhavam com fama e glória no futebol, mas tiveram o futuro consumido pelo incêndio que destruiu o alojamento onde viviam. A morte de dez jogadores das categorias de base do Flamengo, nesta sexta-feira, 8, no Rio, é a última de uma sequência de tragédias ocorridas no País e que poderiam ser evitadas.
Veja quem são as vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
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Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Christian Esmerio, 15 anos - Goleiro. Monitorado por clubes no exterior, tinha passagens pelas categorias de base da seleção brasileira. Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Bernardo Pisetta, 14 anos - Goleiro. Chegou ao Flamengo em junho do ano passado, depois de passar pelo Athlético Paranaense. Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Athila Paixão, 14anos - Atacante. Da cidade de Lagarto (SE), sonhava ser um atacante tão bom quanto o conterrâneo Diego Costa. Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Samuel Thomas Rosa, 15 anos - Lateral-direito. Morado de São João de Meriti (RJ), preferiu ficar com os amigos no Centro de Treinamento. Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
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Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Jorge Eduardo Santos, 15 anos - Lateral-esquerdo. Mineiro de Além-Paraíba, se destacou no futsal e chegou ao Rio graças à indicação de olheiros. Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Pablo Henrique da Silva, 14 anos - Zagueiro. De Oliveira, no interior de Minas, o rapaz era primo do zagueiro Werley, do Vasco. Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Rykelmo de Souza Viana, 17 anos - Volante. Jogou na Portuguesa Santista e estava no Flamengo havia 3 anos. Faria aniversário no dia 26. Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Gedson Santos, 14 anos - Meio-campista. O menino de Itararé, no interior de SP, estava havia apenas dois dias no alojamento do Flamengo. Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, CT do Flamengo
Vitor Isaías, 15anos - Atacante. Começou a carreira no Figueirense e passou pelo Athético Paranaense antes de chegar ao Flamengo. Foto: Reprodução/ Redes sociais
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Em 2013, o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), deixou 242 mortos e 680 feridos - a grande maioria universitários. Em 2015, o rompimento da barragem da Samarco destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), matando 19 pessoas e desabrigando 1,2 mil. Em 2018, no centro da capital paulista, o prédio Wilton Pais de Almeida desabou e matou 7 sem-teto que moravam no local. Ainda em 2018, outro incêndio, desta vez no Museu Nacional, no Rio. Não houve mortos nem feridos, mas o desastre acabou com o mais importante acervo da ciência do País. Neste ano, há duas semanas, outra barragem se rompeu, agora da mineradora Vale, em Brumadinho. Até agora, 157 corpos foram encontrados e 182 continuam desaparecidos.
No caso do incêndio no Flamengo, a área do alojamento que pegou fogo chegou a ser interditada pela prefeitura em 2017, por falta de alvará. Segundo a gestão municipal, o local foi lacrado após a emissão de “quase 30 multas”. Para o comandante do Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey, o alojamento era um “puxadinho”. A principal suspeita é que o fogo tenha começado após curto-circuito no ar-condicionado.
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Lama destruiu estrada em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
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A tragédia aconteceu na altura do km 50 da Rodovia MG-040. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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As barragens pertencem à mineradora brasileira Vale. Foto: Washington Alves/Reuters
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Presidente Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro observa destruição causada após rompimento de barragem da Vale em sobrevoo a Brumadinho Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
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Voluntários trazem doações para as vítimas da tragédia em Brumadinho. Foto: Paulo Fonseca/EFE
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Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho após rompimento de barragem Foto: Washington Alves/Reuters
Corpo encontrado
Bombeiros carregam o corpo de uma das vítimas do rompimeto da barragem em Brumadinho até posto montado em frente da Igreja de Nossa Senhora das Dores Foto: Wilton Júnior/Estadão
Ponte
Ponte arrastada pela lama nas proximidades da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerta/EFE
Área devastada
Área devastada pela lama após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão,de propriedade da mineradora Vale Foto: Wilton Júnior/Estadão
Equipe de resgate
Grupo de resgate caminha sobre a lama em busca de vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, emBrumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerda/EFE
Resgate aéreo
Equipe de resgate usa helicóptero para procurar vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Giazi Cavalcante/Código 19
A sequência de tragédias desencadeou manifestação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge: “Estamos vendo uma sucessão de fatos e desastres evitáveis, preveníveis e precisamos estar atentos a eles para que as instituições de controle, fiscalização e punição realmente funcionem no Brasil”. Para Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o ponto central é que não temos uma democracia consolidada. “A responsabilidade é a base da democracia moderna. Aqui isso não existe, todo mundo acha que pode fazer o que quiser porque não vai pagar por isso, tanto a sociedade quanto as autoridades.”