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Um traço inconfundível

Arte de Gustavo Rosa se distingue pelas cores intensas, as figuras gordas e o bom humor

Por Marisa Vieira da Costa
Atualização:

Uma escultura em forma de um grande lápis amarelo fincado no jardim de entrada sinaliza que ali impera a arte. O ateliê, uma construção branca em forma de cubo, no coração dos Jardins, é o universo de Gustavo Rosa, pintor, escultor, gravador, desenhista, dono de um traço inconfundível, em que se destacam as cores intensas, as figuras gordas, o bom humor. "Aqui é o meu mundo. Aqui sou eu mesmo", afirma o artista, para emendar: "Nem lembro se alguma vez tirei férias. Não troco ficar aqui trabalhando por um iate, champanhe, caviar". Gustavo diz que nasceu pintando - "desenhei antes de aprender a falar". Exagero. Mas é verdade que os primeiros traços foram feitos quando, num descuido da babá, ele, menino pequeno, rabiscou as paredes brancas da sala com um pedaço de carvão que pegou da lareira. Nunca mais largou os lápis nem os pincéis, companheiros inseparáveis, espalhados com tintas, papéis e telas na imensa mesa de trabalho (feita pelo marceneiro Leandro) que domina o principal espaço de seu ateliê - que reúne bar-cafeteria, home office, sala d+e visitas e pequena biblioteca -, com pé-direito de 9 metros. Para quebrar a brancura das paredes e do piso, os quadros de colorido vibrante e as portas de correr e o guarda-corpo amarelos."O lápis foi meu primeiro instrumento de comunicação com o mundo", conta Gustavo. "No colégio, era um vagabundo. Usava a habilidade com o desenho como compensação para meu déficit de atenção." Em vez de cursos formais, preferiu o autodidatismo e a intuição, mas foi buscar referências em mestres como Volpi, Bonadei, Scliar. "Nunca fui acadêmico", diz. "Comecei com pintura moderna, tive a fase geométrica e acabei nas formas redondas. Mas sempre fui figurativo. Hoje brinco com formas ao meu bel prazer." É um rebelde assumido. "Faço o que quero e não dou satisfação a ninguém. Não me rendo a marchands e não sigo tendências."

 

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